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Olho vivo

Pênalti 1

O BNY Mellon, o banco norte-americano que administra um fundo no qual o IPMC aplicou R$ 21 milhões, diz que não poderá devolver o dinheiro ao instituto municipal de previdência enquanto não houver nova assembleia de cotistas que o autorize a fazer isso. Segundo o BNY, em agosto do ano passado foram os próprios cotistas que, em assembleia, decidiram que as aplicações não poderiam ser resgatadas antes do vencimento dos papéis, o que só se dará em novembro de 2015.

Pênalti 2

O IPMC luta desde o ano passado para reaver o dinheiro dos servidores municipais que aplicou no fundo. Conforme revelou esta coluna na semana passada, o Instituto está a pagar o "penalty" contratual de R$ 4,3 milhões (só receberia R$ 17 milhões dos 21 milhões investidos) para antecipar para agora o resgate. Em e-mail, o BNY informa que o IPMC tomou conhecimento do impedimento quando da publicação de um Fato Relevante no ano passado.

Pênalti 3

Na mesma mensagem, o BNY não desmente que responde junto à Suprema Corte dos Estados Unidos a um processo em que aparece como participante do esquema da pirâmide administrada pelo investidor Bernard Madoff, que em 2010 deu calote de US$ 65 bilhões. Madoff foi condenado a 150 anos de prisão. Segundo o BNY as acusações são infundadas e está exercendo seu direito de defesa junto à Justiça americana.

Não será nada fácil a nenhum dos que disputam a prefeitura de Curitiba tirar de Luciano Ducci (PSB) a reeleição ao cargo. Já está de tirar o fôlego a velocidade com que trabalham a favor dele as máquinas do governo estadual e da própria prefeitura. Dia sim e no outro também, anunciam-se generosas liberações de recursos, inauguram-se obras, lançam-se programas – tudo isso sem contar a onipresença do governador Beto Richa, seu principal cabo eleitoral, em toda parte.

A pretexto das comemorações dos 319 anos de Curitiba, que se festeja dia 29, esta semana tem sido pródiga em atos que, se não têm intenções eleitorais, bem se parecem com isso. Ontem, por exemplo, Richa foi à prefeitura para, ao lado do prefeito, anunciar obras de exclusiva responsabilidade do governo do estado que serão implantadas em Curitiba: três delegacias de polícia e a nova sede do IML.

É de ontem também o anúncio da liberação de R$ 18 milhões do governo estadual para a revitalização de seis ruas centrais. Nos próximos dias, outros R$ 40 milhões para mais obras viárias serão oficialmente anunciados. Sem falar na concessão de recursos para supostos 500 quilômetros de asfalto por toda a cidade – assombrosos cinco vezes mais do que o recorde de asfaltamento de ruas que foi batido por Jaime Lerner numa de suas três administrações no século passado.

Os discursos de Beto, em todas as ocasiões, costumam lembrar que o trabalho que Ducci realiza em Curitiba é a continuidade da sua própria administração como prefeito da capital por cinco anos, invocando às vezes o nome de Deus para que isso tudo tenha prosseguimento. Nada de pedir votos, claro – mas ouvidos atentos já logo percebem que a intenção está implícita, principalmente quando a fala descamba para a crítica aos adversários. Richa lembra, por exemplo, o quanto sofreu para derrotar a máquina federal e para enfrentar Requião.

Enumere-se também como fator importante para favorecer a reeleição de Luciano Ducci o subsídio de R$ 64 milhões que o governo estadual, via Coor­­­denação da Região Metropo­­­litana (Comec), destinará este ano ao transporte coletivo. Não fosse isso, para manter o equilíbrio do sistema, a tarifa do ônibus já teria subido para R$ 2,80, mas pode ser contida em R$ 2,60. Mais ou menos a mesma técnica de congelamento da passagem que rendeu bons frutos eleitorais em passado recente.

Ratinho Jr. (PSC), Gustavo Fruet (PSDB) e Rafael Greca (PMDB) têm poucas armas para se contrapor à avalanche e temem que no efetivo decorrer da campanha a máquina aumente em força e velocidade. A expectativa deles, agora, é quanto às próximas pesquisas: estão curiosos para saber se todo esse esforço já está servindo para mudar o cenário apertado apontado pelas sondagens do ano passado.

Principalmente se for este o caso, isto é, se a tendência do eleitorado se mover no sentido de Luciano Ducci, pode-se esperar para breve o acirramento da campanha, que no momento atravessa período de franca calmaria. Como diz um estrategista adversário, o jeito será aplicar uma das mais conhecidas leis da Física: a cada ação corresponderá uma reação em sentido contrário e de mesma intensidade. O que significa que a Justiça Eleitoral será chamada todas as vezes que constatarem abuso da máquina.

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