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O governador Orlando Pessuti embarcou para Brasília na tarde de ontem levando no bolso do paletó a carta que lhe abriu facilidades para aceitar os apelos para que deixasse de ser candidato ao governo. Tratava-se de uma carta assinada por 15 dos 17 deputados da bancada do PMDB na Assembleia apoiando previamente a decisão que quisesse tomar – isto é, renunciar à candidatura ou insistir em mantê-la até a convenção do próximo sábado.

Apenas os deputados Luiz Cláudio Romanelli e Alexandre Curi não assinaram a carta. Embora não tenham mudado de opinião quanto à conveniência de levar o partido a abraçar o tucano Beto Richa, não se sentiram desconfortáveis com a atitude dos colegas de bancada. Só o fato de afastar Osmar Dias de uma provável disputa pelo Senado já está de tamanho razoável, pois atende ao interesse do ex-governador Roberto Requião, que via nessa possibilidade uma grave ameaça de ser derrotado nas urnas na corrida senatorial.

Até as 21h30 de ontem, porém, não se tinha ainda notícia dos resultados da reunião em Brasília de Pessuti com os demais atores decisivos do processo eleitoral paranaense. O governador foi instado a comparecer, primeiro, perante o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, vice de Dilma Rousseff, que lhe faria o apelo oficial para que abandonasse a candidatura. Depois, se reuniria para "bater o martelo" na decisão olhando nos olhos de demais importantes interlocutores.

Em outro lugar, reuniam-se o senador Osmar Dias e o presidente licenciado do PDT, ministro Carlos Lupi. Osmar ouviu dele que o partido o quer candidato ao governo na frente de apoio a Dilma, nacionalmente formada também pelo PT e pelo PMDB. Mais: que não quer vê-lo candidato à reeleição de senador na chapa adversária do PSDB.

Terminadas das respectivas reuniões, todos se dirigiram à sede do PT nacional, onde os esperava o presidente José Eduardo Dutra para sentarem-se à mesa com o fim de celebrar – ou não – o acordo final e definitivo. Desconhecia-se, porém, até o fechamento dessa edição, este resultado.

Em Curitiba, na sede da campanha de Beto Richa, a expectativa era também muito grande. Corria ali o fio de esperança de que Osmar Dias, não vendo satisfeitas as condições que impôs ao PT, ainda se decidisse pela aliança com o PSDB.

De guerra

Fundador do velho MDB de guerra – foi o primeiro presidente do diretório estadual quando da criação do partido nos idos de 1965 –, o ex-deputado Leo de Almeida Neves está de volta à política. Chamado pelo governador Orlando Pessuti, assumiu a presidência do Conselho de Administração da Copel, cargo antes ocupado pelo advogado João Bonifácio Cabral. A nomeação ocorre dias depois do lançamento do livro Segredos da ditadura de 1964 em que Leo revela detalhes da reunião presidida por Costa e Silva que, em 1967, cassou-lhe o mandato de deputado federal.

Dez mais

O Tribunal de Justiça acaba de divulgar a lista de desempenho de seus 120 desembargadores, relativa a maio, como faz mensalmente. O relatório revela a existência de 1.419 processos com excesso de prazo para decisão superior a 100 dias, mas dez dos desembargadores respondem por 1.410 deles – ou seja, concentram-se em suas mãos 99,36% dos atrasos. Apesar do ainda grande volume de atrasos, há um conforto: em maio do ano passado, eram 3.538, dos quais 592 de responsabilidade de um só desembargador.

Em greve 1

A Justiça paulista está parada há um mês. Audiências foram canceladas, processos não andam. Por quê? Porque funcionários dos cartórios judiciais estão em greve por melhores salários e, sem eles, nada acontece. Os donos dos cartórios do Paraná tentam disfarçar a satisfação que sentem diante do caos no Judiciário paulista. É que a situação vivida no estado vizinho dá força ao argumento de que a estatização das serventias – prevista na Constituição de 88 – só serve para piorar o desempenho da Justiça brasileira.

Em greve 2

O Paraná é um dos estados em que a maioria dos cartórios judiciais ainda está em mãos de agentes privados, apesar das determinações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que o Tribunal de Justiça promova a estatização. Os cartorários paranaenses, claro, resistem a essa mudança. E aproveitam a greve paulista para alfinetar: em cartórios administrados pela iniciativa privada greves não acontecem.

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