Dirigentes de entidades de representação classista da Polícia Militar subiram ao 3.º andar do Palácio Iguaçu para levar duas notícias ao governador, uma boa, outra má. Começaram pela boa: os líderes policiais disseram a Beto Richa que a PM não fará paralisações ou greve durante os delicados períodos do antes e do durante a Copa do Mundo. Segundo documento de quatro folhas que levaram ao gabinete, a PM se negará a patrocinar quaisquer "movimentos que reduzam a capacidade real ou de sensação de segurança das pessoas e instituições, por respeito a si mesma, aos cidadãos e ao Brasil, aos quais não pretende faltar".
Bonito. O governador ficou feliz com a primeira parte, mas em seguida, numa explanação "olho no olho" e ao tomar conhecimento dos outros termos do documento que lhe foi entregue, Beto Richa ficou sabendo que nada lhe garante que o mesmo clima de paz será mantido após a Copa. Aliás, nem há garantia total de que alguns segmentos militares, com diferentes líderes, considerem ser esta uma posição imutável.
A partir daí seguiu-se a ladainha de insatisfações que os policiais militares devotam ao governo. E que querem ver atendidas o quanto antes.
A primeira invocação da ladainha diz respeito ao subsídio. Os policiais militares entendem que foram discriminados "na forma como o governo implementou o subsídio, porque deu tratamento financeiro inferior ao da Polícia Civil". Explicam: historicamente se mantém paridade salarial segundo a qual um coronel deve ganhar tanto quanto um delegado de primeira classe, e um soldado o mesmo que recebem os investigadores. Segundo os PMs, não é isto o que está acontecendo.
As entidades, dentre as quais se inclui a mais ativa a Amai, Associação dos Policiais Militares , também cobraram do governador dívidas antigas, como o pagamento de auxílio remoção, quinquênios, promoções e preenchimento de vagas. Mais: cobram também paridade entre militares da ativa e inativos que cumpriram o mesmo tempo de serviço. Para eles, esta paridade não é "uma questão política" como alegou um diretor da ParanaPrevidência, supostamente reproduzindo palavras do governador, mas uma questão jurídica a ser corrigida.
Testemunhas da reunião com Beto Richa dizem que ele negou ter dado ordem à ParanaPrevidência para descumprir a paridade, mas não se sabe se, depois, ele desautorizou o funcionário que supostamente falou em seu nome.
A ladainha foi mais longa, mas terminou quase como se Beto estivesse recebendo uma faca no peito: ou paga o que deve ao Hospital da Polícia Militar (cerca de R$ 12 milhões) e garante uma gerência mais profissional, ou o hospital vai mesmo fechar suas portas, deixando milhares de servidores sem atendimento à saúde.
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