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"Não vou fazer oposição do quanto pior melhor."

Do governador de São Paulo, José Serra, logo após o seu primeiro encontro oficial com Lula, no fim da semana, para acertar programas conjuntos.

A granja está em polvorosa. Parece até que alguém perdeu o controle da situação – mais ou menos como se descreve no clássico "A revolução dos bichos", de George Orwell. Além das inumeras brigas com o público externo, briga-se também internamente. Desentendem-se os maiorais, na surdina e até mesmo estrepitosamente em público.

Na sexta-feira emergiu um dos sintomas da desordem imperante: o até há pouco todo-poderoso procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, decidiu tirar o time de campo. Nesse dia ele pediu ao chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, que redigisse seu decreto de exoneração e o encaminhasse ao governador para assiná-lo. Incomunicável na granja, não se sabia até a noite de sexta-feira se o documento havia chegado ao destinatário e, muito menos, que reação teria provocado.

Botto não esconde dos mais próximos os motivos de sua decisão de pedir demissão. Não se conforma, por exemplo, com a forte resistência interna para que seja investigado o caso Pavibras/Paranasan, em torno do qual pesam suspeitas de que a Sanepar teria feito volumosos pagamentos indevidos à empreiteira que tocava obras de saneamento no litoral.

Outro motivo é o duelo público, de conhecimento do governador, que Botto trava com dois colegas de secretariado, o ouvidor Luiz Carlos Delazari e seu filho, o secretário de Segurança sub-judice Luiz Fernando Delazari. Briga que se dá por motivos bem domésticos: a proteção que a família Delazari dispensa a uma advogada da Sanepar afastada de suas funções na empresa. O fundo do poço foi uma matéria "jornalística" apócrifa (embora de origem já identificada) revolvendo a vida privada do ex-chefe que pediu a demissão da advogada.

A revolução dos bichos 2

Há outras brigas orwellianas em curso na granja. Por ordem superior, por exemplo, decidiu-se investigar a gestão de Paulo Pimentel como presidente da Copel – aparentemente motivada pela postura independente da rede de imprensa dirigida por Pimentel frente ao governo.

Troca-se "fogo amigo" também na Cohapar. Um lado escarafuncha a administração do ex-presidente e atual deputado Luiz Cláudio Romanelli, enquanto o outro já investiga a administração do recém-empossado presidente Rafael Greca. Este lado divulga boatos de que Rafael aumentou salários da diretoria, o que já foi desmentido. E o outro lado remexe em velhos contratos de terceirização de mão-de-obra, do tempo de Romanelli. Seriam mais de 100 os empregados contratados por este regime junto a empresas que teriam falido e deixado micos trabalhistas para a Cohapar pagar calculados em R$ 20 milhões.

Olho vivo

Non grata 1 – É claro que seu destino está escrito nas estrelas – será solenemente rejeitado –, mas não deixa de ser bem curioso o requerimento que o deputado Ney Leprovost vai apresentar esta semana na Assembléia: quer que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, seja considerado persona non grata no Paraná.

Non grata 2 – A forte maioria dos deputados que comunga com os proclamados pendores bolivarianos do Palácio Iguaçu vai derrotar a moção. Nem por isso, Leprevost – que se define como um parlamentar do bloco independente – se recusa a apresentar seus argumentos. Estão na parte das justificativas do requerimento.

Non grata 3 – Depois de comparar Chávez com ditadores como Hitler, Stalin, Pinochet e Fidel Castro, Leprovost lembra que a Assembléia "deve primar pelo respeito e defesa dos ideais democráticos" e conclama seus colegas a aprovar seu requerimento em nome do compromisso "com a liberdade, a democracia, a justiça social e a luta por mais qualidade de vida para o nosso sofrido povo."

Traço de união – O líder da oposição na Assembléia Legislativa, deputado Valdir Rossoni, estava com sua verve sardônica bem atilada na tarde de sexta-feira. Numa roda de políticos, saiu-se com esta: "Agora está claro: o que une o Paraná ao Tocantins não é mais a fazenda do Osmar. É o salário dos governadores."

Agravo – Conforme antecipado pela coluna, o Ministério Público do Paraná entrou com recurso contra a liminar da desembargadora Regina Portes que concedeu ao secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, o direito de ficar licenciado do cargo de promotor do MP. O recurso agora vai a julgamento pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná.

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