• Carregando...

Entre dois males inevitáveis, é preciso escolher o menor. É mais ou menos isso que São Tomás de Aquino quis exprimir ao formular a teoria do mal menor. O princípio teria encontrado fiéis seguidores na campanha de Beto Richa? A pergunta não é despropositada diante de episódios que têm marcado esta nervosa antevéspera de eleição. Eles teriam chegado à conclusão que seria um mal menor proibir a divulgação de pesquisas do que permitir que a opinião pública conhecesse os índices que, supostamente, lhes são desfavoráveis.

A autoria do princípio é atribuída também a Nicolau Maquiavel, embora este seja mais conhecido pela lição que deu ao príncipe de Florença, aquela que diz que os fins justificam os meios.

Olhada a questão de um ponto de vista exclusivamente racional e político, a iniciativa da coligação de apoio a Beto Richa está carregada de razão. Pois, de fato, divulgar pesquisa desfavorável agora, neste final de campanha, pode ser mesmo um desastre. E, para atingir este fim, usa-se o meio apropriado, a Justiça Eleitoral. Simples assim.

O mal menor é a repercussão provavelmente limitada da impugnação judicial, circunscrita a um público mais reduzido, aquele formado por leitores de jornais e outros interessados em informações do tipo. Os danos, portanto, seriam menores e passageiros. Já a exposição de índices negativos – que supõem configurar uma virada nas intenções de voto do eleitorado – seria o mal maior. Ou mesmo catastrófico.

Esta percepção já foi objeto de comentário neste espaço na edição de ontem. Nele, anunciava-se que o candidato a governador nanico Robinson de Paula, do PRTB, representaria no TRE contra o Ibope/RPC. Foi o que aconteceu: ele reclamou que seu nome não constava da simulação da disputa do segundo turno! Mas além de Robinson, a coligação Novo Paraná também pediu a suspensão da pesquisa alegando que o "plano amostral" não estava correto.

A Justiça Eleitoral concedeu liminar em favor de ambos – e nem poderia ser de outra forma, pois, de fato, a ela compete seguir rigorosamente a letra da lei e não julgar as sub-reptícias intenções dos que recorreram a ela. Ainda há possibilidade de recursos e é possível que as pesquisas sejam consideradas válidas e legais. Mas, se a decisão só sair na semana que vem, os índices levantados já terão perdido sua validade.

Conclusão: os meios atingiram o fim e o mal maior foi evitado.

Olho vivo

Vale? 1

Se pesquisas dos institutos tradicionais, como Vox Populi, Datafolha e Ibope de repente deixam de ser confiáveis, que confiabilidade teriam pesquisas internas feitas pelos próprios candidatos ou por suas coligações? Apesar de uma coisa puxar a outra, o candidato Beto Richa valeu-se de uma sondagem interna para informar que está à frente do adversário. Fez isto por meio de e-mails disparados aos milhares a partir do domínio @betoricha.com.br.

Vale? 2

A estratégia bateu na trave: os advogados de Osmar Dias conseguiram que a Justiça não só determinasse a sustação dos envios, como, também, mandasse que a coligação remetesse outro e-mail para todos os destinatários esclarecendo se tratar de pesquisa ilegal. O próprio juiz Juan Daniel Sobreiro escreveu o texto a ser enviado. Mais: deu prazo de 12 horas para o cumprimento da ordem, o que deve ser feito sob as vistas de um oficial de justiça e sob pena de multa de R$ 300 mil.

Até quando? 1

Requião se recusa a participar de eventos em que Pessuti esteja presente – com exceção das ocasiões inevitáveis, como foi a do comício de Lula, anteontem, no Sítio Cercado. Quem viu, notou: os dois sequer se aproximam e, nos respectivos discursos, não citam um ao outro. Para visível constrangimento de Requião, Pessuti chega ao extremo de pedir votos apenas para Gleisi Hoffmann, dizendo que pretende vê-la em primeiro lugar nas urnas. E quem ele quer ver em segundo? Gustavo Fruet?

Até quando? 2

Ontem, em Maringá, os dois voltaram a se encontrar durante almoço oferecido pela cooperativa Cocamar – mas se repetiu lá a mesma inibição de um em relação ao outro. A "briga" entre eles ainda é quase silenciosa, mas, terminada a eleição, a previsão é de que ela vai atingir decibéis inimagináveis.

Menas

Na Cocamar, ambos preferiram ouvir Lula. "Antes eu falava menas, mas agora eu já sei falar até concomitantemente", disse o presidente enquanto explicava que em seu governo conseguiu derrubar três tabus: de devedor, o Brasil virou credor do FMI; que é possível distribuir o bolo antes de esperá-lo crescer; e que é possível crescer sem causar inflação.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]