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Em janeiro, Beto Richa tirou o livreiro e administrador Fernando Ghignone da presidência da Sanepar, na esperança de preencher seu lugar com Orlando Pessuti, coerente com estratégia de dar presença ao PMDB no seu governo. Anteontem, Pessuti disse definitivamente não. Ghignone, que estava escalado para a presidência da Copel, nem chegou a assumir o cargo – ficou vagando no espaço esse tempo todo, enquanto o presidente da Copel, o engenheiro elétrico Lindolfo Zimmer, dedicava-se todos os dias a arrumar suas gavetas para aguardar o sucessor.

Enfim, ontem, após os meses de agonia provocados pela indecisão de Pessuti, Ghignone foi renomeado para a Sanepar com direito a cantar "Ói nóis aqui traveis", de Adoniram Barbosa. Até aí tudo até parece normal, embora nunca se tenha visto antes episódio igual de meia-volta-volver na administração estadual.

O que não é normal é que, se Ghignone deveria substituir Zimmer é porque este não estava – aos olhos do governador – dando conta do recado. Caso contrário, não haveria razão de tirar um técnico dos quadros da empresa para pôr no lugar um executivo não afeito à área de energia, presidente de diretório do PSDB. É a técnica brigando com a política; e a política estava ganhando.

Então, vêm as perguntas inevitáveis: se até anteontem a presidência da Copel deveria ser mudada e ocupada por um político, Zimmer ainda corre perigo de perder o posto? Se, com a súbita reviravolta, Zimmer já pode se considerar livre da ameaça de exoneração? Isto significa que o governador reviu os conceitos que tinha sobre ele? E que se convenceu que é melhor deixar a Copel nas mãos de um técnico?

Para completar o dia, enfim o governador bateu também o martelo em relação à Secretaria do Meio Ambiente, entregando-a ao PMDB na pessoa do deputado Luiz Eduardo Cheida. O ex-secretário Jonel Iurk, indicado pelo PP, não ficou ao relento: vai ocupar uma diretoria da Copel, subordinado a Lindolfo Zimmer.

Olho vivo

Para melar 1

Prefeitos que compõem a Associação dos Municípios da Região Metrolitana de Curitiba (Assomec) estão sendo convocados para uma assembleia-geral extraordinária marcada para o próximo dia 5. Objetivo: dar os primeiros passos para destituir o recém-eleito presidente da Associação, o prefeito de Pinhais, Luizão Goulart (PT). Na votação, em 16 de janeiro, Luizão empatou (14 a 14) com o adversário Adinei Siqueira (PSC), prefeito de Almirante Tamandaré, mas ficou com o cargo por ser mais velho.

Para melar 2

A eleição de Luizão foi interpretada como uma vitória de Gleisi Hoffmann e do prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet. O governador Beto Richa não gostou: anteontem à noite reuniu para jantar 17 dos 29 prefeitos da Assomec e conseguiu 15 assinaturas necessárias para convocar a nova assembleia. O argumento para "melar" o resultado é singelo: quem presidiu o processo eleitoral de janeiro foi Jota Camargo, que já tinha deixado de ser prefeito (Colombo). O entendimento jurídico é que um ex não poderia estar no comando da assembleia. Portanto, por este raciocínio, eleição de Luizão teria sido irregular.

Só pedidos 1

Existem apenas 350 cargos comissionados na prefeitura de Curitiba. Entretanto, estão empilhados sobre a mesa de Gustavo Fruet nada menos de 2.700 pedidos de emprego. Pastores evangélicos, padres, bispos, vereadores, políticos em geral e outros que "trabalharam" na campanha são os principais signatários dos pedidos para que o prefeito nomeie seus indicados. Não há lugar para tanta gente.

Só pedidos 2

A pressão é tanta que até já se fez a conta: na agenda do prefeito e de seus secretários, de cada dez solicitações de audiência, sete são para pedir emprego para afilhados e cabos eleitorais; as outras três são de cobrança de dívidas deixadas pela administração anterior. Raros são os casos de pessoas que aparecem com sugestões de interesse público.

Caseira

É referendado pelo procurador-geral do Estado, Julio Zem, o parecer 42/2012 que responde a uma consulta da Associação dos Procuradores do Estado do Paraná (Apep). O parecer é favorável à fixação dos salários da categoria no teto do funcionalismo – isto é, R$ 26.723,12, salário quase igual ao de um ministro do STF. Pergunta que o governador deve fazer quando o assunto chegar a ele: pode um procurador dar parecer que, em última análise, defende causa própria? A Associação dos Magistrados teve de recorrer ao STF para brigar por este direito; na PGE, a solução é caseira. Zem pediu urgência no atendimento da reivindicação ao governo.

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