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O senador Alvaro Dias mostrou-se ontem desconfortável diante das notícias dadas nesta coluna de que poderia estar de malas prontas para entrar no PTB. "Estou muito bem no PSDB e não penso em deixar o partido", mandou avisar por meio do assessor Edson Gradia.

O senador, no entanto, se disse lisonjeado pelo convite de – na definição tão própria dos políticos – companheiros de outros partidos, dentre os quais inclui muitos dos que militam até mesmo no PMDB de Roberto Requião. Sobre o PTB, porém, negou a existência de tratativas. Membro da executiva nacional tucana e vice-presidente do Senado, Alvaro diz que não pensa em deixar o partido e trabalha para fortalecê-lo no estado, muito embora reconheça que encontra resistências em alguns setores da direção da sigla. Identifica, por exemplo, no presidente estadual, deputado Valdir Rossoni, um dos que trabalham para evitar sua influência sobre as bases. Mas tem mantido bom diálogo com outros líderes, dentre os quais o prefeito de Curitiba, Beto Richa, com quem manteve conversações durante mais de duas horas na última sexta-feira.

Já o deputado Fábio Camargo – apontado como principal articulador da missão de atrair Alvaro Dias para o PTB – dá uma outra versão. Informa que os entendimentos com o senador estão sendo conduzidos, sem resistência de nenhuma ala, pelos presidentes nacional do partido, o ex-deputado Roberto Jefferson, e pelo estadual, Alex Canziani, que consideram que a filiação daria ao PTB uma força eleitoral sem precedentes. E Alvaro, por sua vez, ganharia aquilo que hoje não teria no PSDB – isto é, legenda e estrutura para alavancar seus projetos políticos. O deputado Fábio Camargo não esconde interesse pessoal: é candidato a prefeito e gostaria de contar com o apoio do senador.

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Violência policial, duas visões

Palavras do governador Roberto Requião na "escolinha" da última terça-feira: "Vamos cobrar os desvios da conduta da polícia do nosso estado. Vamos cobrar a partir de agora os desmandos que estão ocorrendo, principalmente na Polícia Militar do Paraná. Já passou de todos os limites. A violência da polícia é insuportável em todo o estado do Paraná. Temos de conter a embrutecimento da Polícia Militar do Paraná. Jogo duro, comandante Xavier". Segundo Requião, a violência policial pode ter origem na melhoria do armamento: como as armas podem disparar 16 tiros, os policiais não precisam economizar.

Já o presidente da Associação dos Militares da Ativa, Inativos e Pensionistas (Amai), coronel Elizeu Furquim, tem outra interpretação sobre as causas da violência: salário baixo, quebra de hierarquia, estresse e indisciplina.

"É por essas e outras que a qualidade dos serviços prestados pela corporação ao longo deste governo vem sofrendo visível deterioração e já não há mais como esconder o caos de Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu, e nas demais cidades do Paraná. Mas, não dêem importância, pois o nosso querido governador está apenas brincando com tudo, inclusive com a Polícia Militar, pois esta é, tão somente, mais um brinquedinho seu."

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Olho vivo

Cuidado 1 – O Guardião, aquele operoso sistema de escutas telefônicas operado pela Secretaria da Segurança Pública, está sendo aperfeiçoado, ao custo de R$ 212.128,00 pagos à fabricante do aparelho, a empresa Dígitro Tecnologia Ltda., de Santa Catarina.

Cuidado 2 – Com capacidade para monitorar simultaneamente 400 ligações telefônicas, o Guardião custou R$ 1,5 milhão quando foi implantado em 2004. Agora, com mais R$ 166.489,60, sua capacidade foi ampliada para 600 ligações. Outros R$ 45.638,40 foram pagos para a renovação do software de gerenciamento para melhorar sua confiabilidade. Tudo isso está registrado na nota fiscal n.º 45.234, paga com recursos da Secretaria de Segurança.

Cuidado 3 – Os números dos telefones que ligam para o telefone grampeado, se conversarem entre si, também terão suas conversas gravadas, antes mesmo que possa ser expedida uma autorização judicial para isso. Ou seja: mesmo as pessoas sobre as quais não recaia nenhuma autorização judicial para escuta estão sujeitas a ser bisbilhotadas e a sofrer as conseqüências.

Cuidado 4 – A sofisticação é grande. O Guardião permite que as conversas gravadas sejam transferidas em tempo real para algum outro telefone. Por exemplo, para o celular do delegado responsável pela investigação ou, se quiser, para o do secretário da Segurança. Assim, ele pode ficar na sua casa acompanhando seus investigados. Um perigo.

Cuidado 5 – O Hospital Regional de Ponta Grossa foi muito citado durante a campanha eleitoral. Mas estava só no papel. Começa a sair somente agora e prevê-se que, até o final do ano, apenas 12% do projeto estarão concluídos. O deputado Douglas Fabricio (PPS) fez o cálculo: se continuar nesta marcha, no fim do atual governo apenas metade da construção estará pronta. "Requião precisaria de mais quatro anos para cumprir a promessa", diz o parlamentar.

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