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Não está morto quem peleia. O ditado dos velhos gaudérios dos pampas gaúchos é o atual lema do senador Alvaro Dias, cuja pretensão de ser o candidato do PSDB ao governo paranaense vem sendo esmagada pela ampla maioria do diretório estadual, comprometida em sacramentar o nome do prefeito Beto Richa para a posição.

Inconformado, o senador mantém a disposição de virar o jogo e espera que o bom senso – mais do que um suposto consenso – restitua a dose mínima de racionalidade política necessária para a definição da candidatura tucana.

Racionalidade, no entendimento do senador, não combina com o lançamento de Beto Richa. Para ele, o projeto político nacional do PSDB de eleger o futuro presidente da República é superior ao projeto regional. E, ao contrário, o efeito imediato de uma definição pró-Richa é o de forçar o irmão senador Osmar Dias a aceitar a aliança com o PT – o que fatalmente vai vitaminar a votação de Dilma Rousseff e tirar na mesma proporção os votos que seriam de José Serra – coisa de 1,7 milhão, segundo se calcula. Já se for o nome dele, Alvaro, o escolhido, o irmão sequer seria candidato dado um suposto acordo familiar que haveria entre eles.

O diretório estadual tucano estabeleceu prazo até 8 de fevereiro, dia em que se reunirá novamente, para o estabelecimento de um "consenso" entre Alvaro e Richa. O senador não acredita nessa possibilidade, pois a maioria (quase a unanimidade) dos membros do diretório já firmou posição em favor do prefeito.

E também não acredita que esse seja o foro apropriado para uma definição de tal envergadura. "Há muitos interesses pessoais no grupo que tenta ungir Beto Richa como candidato, em detrimento de um projeto para o estado e também para o país", afirma.

Segundo Alvaro, a direção nacional tucana está atenta e preocupada com os rumos do processo paranaense e certamente não ficará alheia aos fatos e às conveniências politico-eleitorais – como tem feito em outros estados. Mas, ainda que a cúpula não venha a interferir nesse processo e não havendo entendimento em nível estadual, a hora final de uma definição sempre será a da convenção estadual, em junho. Alvaro promete levar até lá a sua luta para ser o candidato – e só então se submeterá ao resultado.

PT assiste à briga tucana e se prepara para festejar aliança com Osmar Dias

Enquanto isso, o PT assiste, com incontida satisfação, à briga interna dos tucanos paranaensenses. Não só assiste como torce para que o grupo de Beto Richa ganhe a parada. Os muitos meses das difíceis negociações conduzidas principalmente pelo ministro Paulo Bernardo, em nome do presidente Lula, para atrair Osmar Dias para o seu lado, poderão chegar ao resultado pretendido sem muito esforço. Nas palavras de um líder petista, o PSDB de Richa está preparando o salão para o PT fazer a festa.

Osmar, já definido candidato do PDT desde 2006, quando quase derrotou Requião, sempre resistiu a aderir ao chamado petista. Tinha a esperança de que ainda poderiam ser mantidos a grande aliança oposicionista da qual o PSDB fazia parte e o compromisso de Beto Richa de apoiá-lo. Todos os sinais caminharam em sentido contrário e, agora, com maior evidência, configura-se o rompimento definitivo e insanável – a menos que, como também pensa o irmão Alvaro, o andar de cima do tucanato resolva mudar as regras e os jogadores.

Porém, ao contrário do que diz Alvaro, Osmar não admite a hipótese de retirar sua candidatura na hipótese de o irmão sair candidato. "A candidatura já não é minha; é do PDT", diz ele. "E não posso renunciar a algo que não é meu."

Concretizando-se o rompimento, Osmar poderá se sentir mais livre do que nunca para buscar aliados em outro campo. Se depender do que dizem as pesquisas, sai para a disputa em condições de igualdade com o prefeito, mas ganha o apoio do PT, tempo de propaganda na televisão, o prestígio eleitoral de Lula e a máquina que estará à disposição da presidenciável Dilma Rousseff.

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