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"Não cogitarei qualquer hipótese de terceiro mandato."

Do presidente Lula, ontem, em entrevista coletiva, desautorizando aliados que pretendiam apresentar projeto para permitir nova candidatura.

A batalha da sucessão na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) ganhou dimensão política quando, há dois meses, Requião, dizendo-se desgostoso com certas atitudes do atual presidente decidiu articular a formação de uma chapa de oposição para impedir a reeleição do ex-aliado Rodrigo Rocha Loures.

Não aconteceu exatamente do modo como o governador pretendia, pois não conseguiu formar uma "chapa pura" de requianistas. Os secretários Virgílio Moreira e Luiz Mussi, encarregados de conduzir essa missão, bem que tentaram, mas, diante da inviabilidade, acabaram por buscar aliança com a outra chapa de oposição a Rocha Loures, liderada pelo industrial Álvaro Scheffer.

Candidatos querem distância

Compreende-se agora com maior clareza a dificuldade dos articuladores de Requião: nenhum dos dois presidentes das chapas lançadas quer parecer aliado do governo estadual. Certamente perceberam que perderão votos se se mostrarem de alguma forma atrelados ao provisório Palácio das Araucárias.

Rocha Loures, por exemplo, reclama que desde que se viu na contingência de criticar medidas tomadas pela administração do Porto de Paranaguá, em março passado, não conseguiu sequer ser recebido por Requião para tratar de outros assuntos.

Temas para conversas entre ambos não faltaram. O principal, afirma Rocha Loures, dizia respeito à inexistência de uma política industrial para o Paraná. Suas relações se tornaram mais ácidas quando foi à Assembléia Legislativa para demonstrar esse descontentamento. Acabou sendo chamado de "apóstolo do caos" pelo líder governista, deputado Luiz Cláudio Romanelli.

De Álvaro Scheffer ouve-se que a inclusão em sua chapa do secretário da Indústria e Comércio, Virgílio Moreira, não significa atrelamento ao governo. "Antes de ser secretário, Virgílio é industrial e líder sindical e é nesta condição que ele participa da nossa chapa", ressalta.

Scheffer concorda com Rocha Loures quanto à falta de uma política industrial, mas reputa essa deficiência não apenas ao governo, mas à própria Fiep que, na atual gestão, perdeu o foco dos interesses imediatos da classe empresarial para discutir assuntos de natureza política nacional.

O recado de Lula ao porto

Operadores portuários de Paranaguá festejaram o pronunciamento de Lula ao dar posse, ontem, ao novo secretário especial dos Portos, Pedro Brito. Chegaram a interpretar que a fala do presidente foi endereçada ao Paraná, ao cobrar uma gestão eficiente dos portos marítimos para tornar os produtos brasileiros mais competitivos.

Disse Lula: "O porto não pode ser uma partilha de partidos políticos e de pessoas que não têm competência para resolver os problemas." E mais: "Não existe ninguém que não possa ser mudado e colocaremos quantas pessoas forem necessárias para tornar os portos mais eficientes".

Se as coisas não mudarem, Lula se disse disposto a abrir concorrência para empresas do exterior que atuam nas operações portuárias – uma visão privatista bem contrária ao que se prega no Paraná.

Olho vivo

Pedágio 1 – Está certo que o pedágio nas rodovias é caro e mal visto. Provoca a ira dos usuários com a mesma intensidade com que faz nascer raciocínios tortuosos de quem o combate. Ontem, por exemplo, o deputado e ex-secretário dos Transportes Waldyr Pugliesi – espelhando-se em raciocínio idêntico de Requião – esmerou-se em cantar o sucesso dos investimentos estaduais na recuperação de estradas. Hoje 100% delas são apontadas como ótimas. Uma prova, diz o parlamentar, de que é possível alcançar esse grau de excelência sem precisar cobrar pedágio de ninguém.

Pedágio 2 – Até aí, o raciocínio do deputado-líder do PMDB parece impecável. O problema é que, ao defender investimentos públicos em estradas, o parlamentar esquece que fatalmente faltará dinheiro para outros setores. Diz ele que o gasto em rodovias foi de R$ 1 bilhão em quatro anos – exatamente a mesma importância que o Ministério da Saúde e o Tribunal de Contas dizem que o governo paranaense deixou de aplicar em saúde pública no mesmo período.

Pedágio 3 – Então, não é bem por aí. Que se combata o pedágio e que se defenda o investimento público em estradas – mas que não se deixe hospitais em situação precária, pacientes morrerem por falta de UTI ou doentes sem remédio. Governar é saber definir e equilibrar prioridades.

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