A propósito de comentário desta coluna publicado ontem, em que se dava conta da divisão do PMDB paranaense entre os "com votos" e os "sem votos", outra graúda figura da política estadual entrou em contato para informar que "estão muito adiantados os entendimentos entre o PMDB e o PSDB", um trabalho a que se dedicam diuturnamente os deputados peemedebistas Luiz Cláudio Romanelli e Alexandre Curi, do grupo dos "com votos".
Segundo o informante, há avanços nos dois partidos para a formalização de uma coligação na eleição de governador e senador. Ambos os partidos costuram seriamente o que parecia ser impensável até bem pouco tempo: o tucano Beto Richa teria como vice na sua chapa o peemedebista Alexandre Curi.
Para facilitar essa união, o PSDB abriria mão de lançar candidato a senador, deixando Requião correr leve, livre, solto e seguro com a própria candidatura. Por outro lado, o PMDB apressaria o processo de defenestração de Orlando Pessuti da condição de candidato oficial do PMDB ao governo.
Embora preferível, essa ideia corre o risco de não se viabilizar. Por isso trabalha-se também com a hipótese mais fácil da coligação informal: o PMDB lançaria, sim, Pessuti. Mas a bancada seria "liberada" para fazer outras campanhas. A maioria, ajudaria na campanha de Beto. Da parte do PSDB, permanece a proposta de não lançar candidato ao Senado.
A costura desse "acordão" incluiria também o compromisso de Beto Richa de, se eleito, não revolver escombros do governo Requião. Por exemplo: não permitir que se criem na Assembleia CPIs sobre questões melindrosas, principalmente nas áreas de educação e portos, para não expor os irmãos Maurício e Eduardo, que foram os titulares desses dois setores, respectivamente.
Pesquisas secretas
O PSDB, com discreto apoio do PMDB, trabalha também em outra frente: quer convencer o senador Osmar Dias (PDT) a retirar sua candidatura ao governo e contentar-se com a reeleição para o Senado. Uma das artimanhas usadas para alcançar esse objetivo lança mão de pesquisas "secretas" nas quais o prefeito Beto Richa aparece sempre (muito) à frente de Osmar, com tendência a crescer mais nos redutos até agora mais fiéis ao candidato do PDT.
O objetivo secundário dessa estratégia embora seja improvável o seu êxito é tirar Dilma Rousseff do cenário paranaense como candidata a presidente. E, de quebra, diminuir o potencial da petista Gleisi Hoffmann como candidata a senadora. Nesse caso, para as duas vagas no Senado seriam eleitos Osmar e Requião, pensam os estrategistas de ambos os partidos.
Osmar com Lula
Perdidas praticamente todas as esperanças de trazer o PMDB para o seu lado, o presidente Lula se esforça agora para demonstrar com maior vigor que seu candidato no Paraná é mesmo o senador Osmar Dias. Um dos primeiros gestos desta nova fase se dará nesta sexta-feira em Londrina: Lula e Dilma Rousseff desembarcarão na cidade com Osmar a tiracolo para a inauguração de um grande "call center" privado que promete criar três mil empregos.
Osmar Dias é um dos poucos que ainda resistem a assumir a aliança com o PT mas não está fora de cogitação que, em Londrina, se dê o casamento.



