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Os juízes reclamam

Reina apreensão entre os juízes de primeira instância do Paraná. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) baixou novas me­­tas para ser cumpridas até o fim deste ano, dentre as quais a de obrigá-los a colocar em dia todos os milhares (muitos milhares!) de processos que deram entrada antes de dezembro de 2006. O trabalho não seria tão pesado se, nesse meio tempo – isto é, nos últimos qua­­­­­­tro anos – não tivessem chegado às mãos dos juízes outros muitos milhares de novas ações.

O juízes aceitam o desafio, mas lembram que, sem a estrutura mínima de que precisam, a coisa fica difícil. É o que diz, em síntese, nota pública emitida pela Associação dos Ma­­gistrados do Paraná (Ama­­­par) na qual a instituição faz chegar ao CNJ e ao Tribunal de Justiça as suas queixas.

A maior de todas as queixas: os juízes de primeira instância e das varas mais trabalhosas do interior não dispõem de assessores – privilégio só encontrável nas comarcas maiores, co­­mo Curitiba, Londrina, Marin­­­gá e Ponta Grossa. Em meio aos velhos e novos processos que lhes chegam, a cada dia há relatórios a ser preenchidos, burocracias administrativas a ser cumpridas, dificuldades até com computadores e material de expediente a ser enfrentadas.

A Associação reclama dos responsáveis – especialmente dos que exigem que as metas sejam alcançadas – que as varas judiciais sejam minimamente aparelhadas. Mas, ao contrário disso, os juízes receberam ordens para reduzir gastos com energia, telefone, papel, água e combustível. Co­­­mo diz um diretor da Amapar: "Não adianta culpar os juízes; a morosidade da Justiça brasileira está no sistema".

A propósito de comentário desta coluna publicado ontem, em que se dava conta da divisão do PMDB paranaense entre os "com votos" e os "sem votos", outra graúda figura da política estadual entrou em contato para informar que "estão muito adiantados os entendimentos entre o PMDB e o PSDB", um trabalho a que se dedicam diuturnamente os deputados peemedebistas Luiz Cláudio Romanelli e Alexandre Curi, do grupo dos "com votos".

Segundo o informante, há avanços nos dois partidos para a formalização de uma coligação na eleição de governador e senador. Ambos os partidos costuram seriamente o que parecia ser impensável até bem pouco tempo: o tucano Beto Richa teria como vice na sua chapa o peemedebista Alexandre Curi.

Para facilitar essa união, o PSDB abriria mão de lançar candidato a senador, deixando Requião correr leve, livre, solto e seguro com a própria candidatura. Por outro lado, o PMDB apressaria o processo de defenestração de Orlando Pessuti da condição de candidato oficial do PMDB ao governo.

Embora preferível, essa ideia corre o risco de não se viabilizar. Por isso trabalha-se também com a hipótese mais fácil da coligação informal: o PMDB lançaria, sim, Pessuti. Mas a bancada seria "liberada" para fazer outras campanhas. A maioria, ajudaria na campanha de Beto. Da parte do PSDB, permanece a proposta de não lançar candidato ao Senado.

A costura desse "acordão" incluiria também o compromisso de Beto Richa de, se eleito, não revolver escombros do governo Requião. Por exemplo: não permitir que se criem na Assembleia CPIs sobre questões melindrosas, principalmente nas áreas de educação e portos, para não expor os irmãos Maurício e Eduardo, que foram os titulares desses dois setores, respectivamente.

Pesquisas secretas

O PSDB, com discreto apoio do PMDB, trabalha também em outra frente: quer convencer o senador Osmar Dias (PDT) a retirar sua candidatura ao governo e contentar-se com a reeleição para o Senado. Uma das artimanhas usadas para alcançar esse objetivo lança mão de pesquisas "secretas" nas quais o prefeito Beto Richa aparece sempre (muito) à frente de Osmar, com tendência a crescer mais nos redutos até agora mais fiéis ao candidato do PDT.

O objetivo secundário dessa estratégia – embora seja improvável o seu êxito – é tirar Dilma Rousseff do cenário paranaense como candidata a presidente. E, de quebra, diminuir o potencial da petista Gleisi Hoffmann como candidata a senadora. Nesse caso, para as duas vagas no Senado seriam eleitos Osmar e Requião, pensam os estrategistas de ambos os partidos.

Osmar com Lula

Perdidas praticamente todas as esperanças de trazer o PMDB para o seu lado, o presidente Lula se esforça agora para demonstrar com maior vigor que seu candidato no Paraná é mesmo o senador Osmar Dias. Um dos primeiros gestos desta nova fase se dará nesta sexta-feira em Londrina: Lula e Dilma Rousseff desembarcarão na cidade com Osmar a tiracolo para a inauguração de um grande "call center" privado que promete criar três mil empregos.

Osmar Dias é um dos poucos que ainda resistem a assumir a aliança com o PT – mas não está fora de cogitação que, em Londrina, se dê o casamento.

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