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Quase no último minuto do prazo para a inscrição de chapas no Tri­­­bunal Regional Eleitoral (TRE), apareceu ontem uma novidade na composição dos nomes da coligação de Beto Richa: um dos candidatos a senador, deputado Ricardo Barros (PP), conseguiu emplacar como seu suplente o nome de José Richa Filho, o Pepe, irmão do candidato tucano a governador.

Foi uma mudança de última hora. Sofrida, dramática até. Barros, que até sexta-feira figurava confortavelmente como candidato único a senador na chapa de Beto Richa, viu-se de repente ameaçado pela inclusão do deputado Gustavo Fruet para disputar também uma vaga ao Senado pela mesma chapa. Temia que a estrutura da campanha que, antes, lhe favoreceria em caráter exclusivo, fosse deslocada em benefício de Fruet. Daí a exigência para que Pepe Richa passasse a ser seu suplente para "amarrar" o interesse da coligação por sua própria candidatura.

Barros teria usado armas pesadas para conseguir o seu intento – e teve êxito. Fez chegar ao conhecimento do coordenador-geral da campanha de Beto Richa, João Elísio Ferraz de Campos, sua disposição de não só renunciar à candidatura como, principalmente, de retirar o PP da aliança com o tucano e passar a apoiar o oponente Osmar Dias. Bateu o desespero diante da avaliação dos prejuízos políticos e eleitorais se a ameaça de Ricardo Barros se consumasse.

Após um dia inteiro de tensas negociações internas, finalmente Beto Richa, a contragosto, foi convencido a ceder o irmão para a suplência de Barros, contrariando até uma decisão anterior de não incluir o nome de Pepe sequer na lista de candidatos a deputado federal. A intenção era preservá-lo de um possível requentamento de suspeitas que pesaram contra ele em passado recente.

Pepe foi acusado de liberar irregularmente R$ 10 milhões para uma empreiteira de obras públicas no apagar das luzes do governo Jaime Lerner, quando exercia cargo de diretor financeiro do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). O autor das acusações foi o ex-governador Roberto Requião, também candidato a senador, mas pela chapa adversária, altamente interessado, portanto, em desestabilizar adversários diretos.

PMs na proteção a Requião

Requião tinha razão: era mesmo necessário que a Assembleia Legislativa aprovasse o Ante­­­projeto 76/2010 que garante segurança pessoal aos ex-governadores que tenham exercido o cargo por no mínimo três anos. Talvez, se ele estivesse formalmente acompanhado de oficiais e praças fardados da Polícia Militar, o presidente do PPS, Rubens Bueno, tivesse pensado duas vezes antes de desferir o memorável sopapo com que atingiu Requião, domingo, no Aeroporto de Campo Mourão. Como ninguém estava fardado e como não havia outros sinais exteriores da presença de PMs ao lado de Requião, Rubens não teve dúvidas.

O anteprojeto, de autoria coletiva, tramita desde o início de março e aguarda ainda parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Quando apresentado, despertou enorme reação. Um dos que mais o combateram foi o deputado Douglas Fabrício, do PPS, por coincidência testemunha ocular e braçal do empurra-empurra em Campo Mourão.

Na época em que foi proposto, diante da repercussão negativa do projeto, o então líder do governo e um dos seus autores, deputado Luiz Cláudio Roma­­­­nelli, chegou a aventar a possibilidade de retirá-lo. Do site da Assembleia, porém, nada consta sobre tal retirada. Está anotado, apenas, o requerimento de dois deputados tucanos, Luiz Nishi­­­mori e Francisco Bührer, que, arrependidos, pediram que suas assinaturas como coautores fossem desconsideradas.

O episódio de Campo Mou­­­rão, no entanto, pode precipitar o interesse de parlamentares amigos de Requião em apressar a tramitação, já que perceberam que a integridade física do ex-governador está realmente em risco. Temem que a moda pegue e que outras agressões aconte­çam durante a campanha.

Outros não se preocupam tanto, pois dizem saber que o ex-governador contaria com a ajuda "voluntária" de seis PMs que se revezariam em sistema de duplas. Eles teriam sido recrutados pelo ex-chefe da Casa Militar e ex-comandante da corporação, coronel Anselmo Oliveira.

Fontes da própria PM, que pediram anonimato, informam que um dos recrutados para a missão de proteger o ex-governador seria um capitão de nome Dupas, que teria tido participação ativa na refrega do último domingo. Não souberam dizer, no entanto, a condição funcional dele nem dos demais membros da equipe de segurança – se estão licenciados, reformados ou se estão na ativa. Neste caso, estaria configurada a ilegalidade.

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