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Olho vivo

Estratégicos 1

A Cohapar tem até o dia 10 de setembro para demitir os ocupantes de 45 cargos de "assessores estratégicos", nomeados politicamente para exercer atividades genéricas principalmente em municípios do interior. Determinação neste sentido partiu do Ministério Público Estadual a partir de pedido do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge).

Estratégicos 2

Segundo argumenta o MP, por se tratar de uma companhia de economia mista prestadora de serviço público, a Cohapar não poderia criar cargos sem lei que a autorize nem nomear os servidores sem concurso. Se a direção da empresa não tomar a medida recomendada, o MP avisa que ela poderá incorrer em crime de responsabilidade. Situação idêntica ocorreu, tempos atrás, na Sanepar, que também foi obrigada a demitir os seus "assessores estratégicos".

Com a aposentadoria do conselheiro Caio Soares, há uma cadeira vazia no nobre colegiado do Tribunal de Contas. Pelos critérios legais, duas das sete vagas são destinadas a técnicos de carreira – uma a auditores, outra a procuradores. Então, como Caio, antes de ser elevado à condição de conselheiro em 2006, era auditor, auditor terá de ser seu substituto. Dentre os quatro em atividade, sairá a lista tríplice a ser levada ao governador para que escolha e nomeie um deles.

Até aí nada demais. Faz parte da rotina. Embora a lista ainda não tenha sido elaborada, dela deverão fazer parte os auditores Ivens Linhares, Claudio Canha e Sérgio Valadares. O quarto auditor, Thiago Cordeiro, já teria manifestado seu desinteresse em compor a lista tríplice.

Mas antes mesmo de a lista ser oficializada, por trás dos panos o conselheiro Nestor Baptista estaria trabalhando para que o escolhido por Richa seja o auditor, amigo, afilhado e aliado Ivens Linhares. E qual seria a razão para este empenho? Segundo fontes do próprio Tribunal, Nestor quer voltar a presidir a instituição e, para conseguir o intento, precisaria contar com pelo menos quatro dos sete votos. Esta maioria ele só obteria se Linhares for elevado a conselheiro (e eleitor!), caso contrário corre o risco de perder a disputa para o colega Durval Amaral, também virtual candidato ao alto cargo. A eleição para substituir o atual presidente, Artagão de Mattos Leão, ocorrerá no final do ano.

Em campanha para a presidência, o conselheiro Nestor Baptista tornou-se um dos mais aguerridos defensores das prerrogativas do Tribunal de Contas – ameaçadas, segundo seu entendimento, pela briga da Associação dos Municípios do Paraná (AMP) para que o TC reveja os critérios de punição a prefeitos inadimplentes com a burocracia. O Tribunal costuma mul­tá-los com somas altas em razão, na maioria das vezes, de simplesmente não cumprirem prazos para preenchimento e entrega de formulários – e não necessariamente porque tenham agido dolosamente para desviar dinheiro público. O Tribunal age dentro da letra da lei e assim deve continuar, dizem alguns prefeitos, que não contestam a necessidade de que seus atos devem ser rigorosamente fiscalizados.

Mas há exageros. Por exemplo: um prefeito do Sul do estado foi multado 262 vezes pela prática de um mesmo ato. Como assim? Ele abriu edital de concurso para médicos, enfermeiros e outros profissionais para trabalhar na área de saúde. Dados os baixos ganhos que o plano de cargos de cargos e salários do município garante, não houve interessados. A cidade, porém, não poderia ficar sem assistência à saúde, nem as unidades sem vigias, faxineiras etc. Sem concursados para preencher as vagas, contratou diretamente 262 pessoas em regime de urgência.

O TC entendeu que o infeliz prefeito deveria ser multado não pelo único ato que praticou, mas por cada uma das 262 contratações consideradas irregulares. Já se a população poderia ficar sem serviços de saúde, esta foi uma questão que não entrou nas cogitações dos senhores conselheiros.

É em razão destes fatos que os prefeitos, revoltados, recorreram à Assembleia Legislativa para que a Lei Orgânica do TC seja alterada em alguns pontos, de modo a que as administrações municipais não se inviabilizem nem as populações sejam prejudicadas em razão de procedimentos meramente burocráticos.

Como é véspera eleitoral e os prefeitos são peça-chave neste período, o presidente Valdir Rossoni prometeu colocar imediatamente em votação emendas à Lei Orgânica que induzam o TC a agir com rigor contra casos de desvios, mas, ao mesmo tempo, com maior bom senso. Entre a cruz e a espada, Rossoni ganha tempo pedindo mais informações.

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