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Olho Vivo

Insegurança 1

Durante anos se reclamou muito da falta de segurança e condições no prédio central do Fórum Metropolitano – o famoso edifício "Idi Amin", na Avenida Cândido de Abreu. O Tribunal de Justiça quis resolver o problema: reformou e alugou por R$ 240 mil mensais um outro prédio, na Mateus Leme, para onde levou metade das varas instaladas no "Idi Amin".

Insegurança 2

A situação melhorou? Advogados e cartorários dizem que não: a precariedade é quase a mesma – ou pior, porque engenheiros que examinaram o novo prédio não recomendam que as toneladas de processos sejam armazenadas nos andares superiores para evitar o risco de desabamento. Agora, os processos ficam empilhados no subsolo e encontrar um deles passou a ser um problema a mais para "amarrar" a Justiça.

No fim desta semana, Beto Richa retorna a Curitiba. Depois de curtir um cruzeiro pelas Antilhas, enfrentará a dura tarefa de recompor a administração. Precisará de muita habilidade para costurar as vontades e os interesses com as reais possibilidades. Nove nomes e três cenários estão na pauta política. Doze trabalhos que, como os do mitológico Hércules, exigem engenho e força – esta última certamente vitaminada pelo descanso caribenho e pelo surfe nas ondas artificiais da piscina do transatlântico. Eis quem e o que lhe esperam:

1) Ricardo Barros, com tradição de boa votação e com esposa vice-governadora e filha deputada, está credenciado para lutar por outros nacos importantes do poder.

2) Valdir Rossoni, eleito deputado federal, ganhou espaços ao demonstrar serviço para o governo no comando da Assembleia. Seu sonho não é ir para Brasília; é ficar por aqui mesmo, quem sabe no comando da Casa Civil.

3) Ratinho Jr. tem a liderança da bancada de 12 deputados que ajudou a formar e é virtual candidato a prefeito ou governador. Primeiro quer a presidência da Assembleia e ao mesmo tempo manter o mando político da estratégica Secretaria de Desenvolvimento Urbano.

4) Eduardo Sciarra, com a experiência adquirida com vários mandatos de deputado federal, foi o coordenador da campanha vitoriosa. Para ele estava prometida a Casa Civil, agora disputada também por Rossoni.

5) Luciano Ducci, eleito deputado federal, é homem de confiança do governador. Cotado para a Secretaria da Saúde, aponta a bússola para disputar a prefeitura de Curitiba.

6) Alvaro Dias, outro campeão de votos, tem projeção nacional e natural e constante presença junto aos líderes nacionais do PSDB. Não faz parte da "cozinha" do governador, mas sua opinião pesa.

7) O ex-governador Orlando Pessuti representou explicitamente no horário político o antirrequianismo. Também preserva bom prestígio com prefeitos e é credor da gratidão do governador Beto Richa.

8) Gustavo Fruet, com dificuldades financeiras iguais às enfrentadas pelo Palácio Iguaçu, ouve o cisne cantar: Richa quer tê-lo como aliado, nunca como adversário.

9) Interesses do estado precisarão da parceria da União para serem viabilizados, o que dependerá da escolha de nomes com potenciais condições de diálogo.

10) Osmar Dias é um dos poucos nomes da oposição que não saíram (muito) arranhados da eleição. Aproximar-se dele pode garantir abertura de portas para interlocução do governo estadual com Brasília.

11) Os 17 partidos aliados que formaram a coligação de Richa pressionarão por nomeações. O que inclui a disputa pela mesa da Assembleia , com três candidatos da "base": Ademar Traiano, Plauto Miró e Ratinho Jr. (e, por fora, Luiz Cláudio Romanelli). Se quiser se meter na contenda, Richa terá de fazer a "escolha de Sofia".

12) A eleição de 2018 pode abrigar Beto em uma das duas vagas em disputa para Senado. O nome do candidato à outra vaga, assim como dos que disputarão o governo e a vice são questões precisarão ser pensadas desde já.

Para executar as doze tarefas, Richa contará com uma vantagem: a oposição diminuiu no Paraná. O PT quase se reduziu a pó (Gleisi Hoffmann ficou teve baixo desempenho na disputa pelo governo estadual e a bancada de deputados estaduais se reduziu de sete para apenas três deputados). Do senador Roberto Requião pode-se esperar apenas que reproduza o leão da Metro, que na tela ruge forte, mas na vida real da política paranaense já demonstrou que não morde nem representa perigo.

Enfrentar os 12 trabalhos de natureza puramente política não será fácil. Difícil mesmo, diante da crise econômico-financeira por que passa o país, será cumprir a 13.ª e prometida tarefa – a de devolver daqui a três anos um Paraná melhor do que deixou nos últimos quatro. O resto é mitologia.

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