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Olho Vivo

Dívidas 1

Sobre o comentário publicado no último domingo, sob o título "O provo esperava mais de Fruet", a assessoria do prefeito Gustavo Fruet contestou alguns números. Ao contrário da afirmação de que a administração anterior deixou um rombo de R$ 400 milhões em compromissos não pagos e outros R$ 100 milhões não empenhados, a realidade seria pior: R$ 578 milhões não pagos, dos quais R$ 403 milhões sequer empenhados.

Dívidas 2

A nota da prefeitura diz não ser verdade que os credores de menor porte ficaram à míngua nos primeiros três meses da atual gestão. "Ficaram à míngua na gestão passada, alguns sem receber por seis meses em 2012", mas agora seus créditos estão sendo regularizados com prioridade. Parcelamentos em até 36 meses atingiram apenas as maiores dívidas (acima de R$ 1 milhão). "Dos milhares de fornecedores, estamos falando de 12 que irão receber em até 36 meses, começando em janeiro de 2014 o pagamento", finaliza a nota.

Avaliações

As duas sucessivas sondagens feitas pelo Instituto Paraná Pesquisas sobre os índices de aprovação de Beto Richa e Gustavo Fruet trazem um dado que se torna interessante pela contradição. Enquanto Richa é melhor avaliado pelo público menos escolarizado (77% dos que cursaram apenas o ensino fundamental), Fruet obtém índices mais altos entre os mais ricos e de instrução superior (60%). Eram semelhantes as avaliações entre Fruet e Ratinho quando disputaram a prefeitura em 2012. Embora os menos escolarizados e mais pobres sejam a maioria do eleitorado, as urnas não reproduziram a tendência: Fruet venceu Ratinho por 60% contra 40% dos votos.

As edições de domingo e de ontem desta Gazeta projetaram os primeiros tons da campanha para o governo estadual do ano que vem. Eles estão presentes nas longas entrevistas concedidas ao jornal pelo governador Beto Richa (PSDB) e por sua virtual adversária no pleito, a ministra Gleisi Hoffmann (PT).

Embora feitas e publicadas em momentos diferentes, não deixam de representar um primeiro debate entre ambos. E é mais do que provável que as mesmas polêmicas aflorem, com maior contundência, durante a refrega pré-eleitoral que está apenas começando. Dois temas se destacaram nas entrevistas: 1) as dificuldades enfrentadas pelo Paraná para a liberação de empréstimos dependentes de aval da União; e 2) o desempenho da administração estadual.

Sobre os empréstimos, o governador se mostrou queixoso e debitou à conta dos três ministros paranaenses (Gleisi Hoffmann, Casa Civil; Paulo Bernardo, Comunicações; e Gilberto Carvalho, Secretaria-geral da Presidência) o sofrimento para liberar os R$ 3,5 bilhões de financiamentos pleiteados pelo governo. Um dos empréstimos, do programa Proinveste, no valor de R$ 870 milhões, só saiu, disse Richa, porque falou diretamente com a presidente Dilma Rousseff em Curitiba e em Brasília. Com três ministros, o governo do Paraná "precisava ir até a presidente para liberar?", perguntou.

Gleisi deu a resposta: "Eu lamento que tente justificar a incapacidade e a incompetência administrativa do governo e do chefe do Executivo colocando a culpa em outras situações e outras pessoas". Segundo a ministra, o estado não conseguiu os empréstimos porque estava com pendências cadastrais e porque não respeitava a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O que faltou, afirmou, foi gestão financeira do governo do estado.

Beto Richa contradiz a ministra com a pergunta que teria dirigido a Dilma durante a carona que pegou no carro da presidente numa visita a Curitiba: "quem não tem alguma dificuldade ou irregularidade?", lembrando o caso do Rio Grande do Sul que, embora estivesse em situação muito pior, obteve todos os financiamentos que quis.

Richa reconhece as dificuldades financeiras que o estado enfrenta. Contas atrasadas, que serão pagas até janeiro ("por aí"), se devem a dois fatores principais: à arrecadação que caiu em razão das desonerações de impostos determinadas pelo governo federal; e à antecipação de investimentos que só seriam feitos após a liberação dos empréstimos.

Gleisi contesta: o Paraná é um estado rico e pujante e o que faltou ao governo estadual foi promover as "concertações necessárias para ampliar o potencial de desenvolvimento". Deixou de pagar em dia os fornecedores; não estimulou a micro e pequena empresa; não reviu sua política de substituições tributárias; e não enfrentou a questão dos pedágios. E mais: "Talvez pudéssemos [os três ministros] fazer mais se não tivéssemos um vazio, um deserto de propostas no governo do Paraná".

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