
A Câmara Municipal de Curitiba seria um microcosmo da Assembleia Legislativa? Esta indagação povoa a mente de alguns poucos (pouquíssimos!) vereadores interessados em levantar o véu espesso que esconde deles o exato tamanho, a lotação e os salários do funcionalismo da Casa. A discussão começou no ano passado, mas se desconhece até agora a dimensão de problemas que, segundo consta, se assemelham em muito aos que assombram a Assembleia e suas fantasmagóricas ausências.
O debate começou no ano passado quando a Câmara foi informada que teria de reduzir em 0,5% a previsão orçamentária de 2010. O presidente João Cláudio Derosso, num primeiro momento, considerava que a solução para adequar a despesa ao tamanho do orçamento seria cortar em 20% o salário dos servidores comissionados.
Com o que, no entanto, não concordou a vereadora Renata Bueno (PPS). No seu entendimento, não seria justo rebaixar salário de alguns quando se poderia, quem sabe, fazer uma limpeza do quadro. A economia que seria feita com a extinção de cargos obsoletos (e ocupantes idem) poderia evitar o corte nos vencimentos de gente que realmente trabalha.
No início de dezembro, a vereadora chegou a apresentar um requerimento diretamente ao presidente da Câmara, vereador João Cláudio Derosso, pedindo-lhe que abrisse a caixa preta do funcionalismo. Ela queria saber quantos eram todos os cargos não só os comissionados, mas também os de carreira e ocupantes de funções gratificadas , com a lotação e os vencimentos de cada um.
Com a lista em mãos e de conhecimento de todos os vereadores, seria possível expurgar os cargos desnecessários, enxugar a folha e não mexer nos salários dos que ficassem. Derosso rejeitou o requerimento, mas não pôde evitar que, transformado em pedido de informações, fosse votado e aprovado em tumultuada sessão plenária realizada na calada da noite.
Mas, como costuma acontecer, a questão não ficou imediatamente resolvida. Decidiu-se pela preservação dos salários e pela criação de uma comissão de vereadores para estudar o caso. Esta comissão tinha prazo até março passado para concluir seu trabalho. Não sabe até agora que bicho deu mas os acontecimentos da Assembleia bem que poderiam inspirar mais pressa na Câmara de Vereadores.



