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Olho vivo

Explosivo 1

Deixou de ser novidade a frequência com que o governo estadual muda de opinião. Já mandou projetos para a Assembleia e foi forçado a retirá-los algumas vezes. Dois exemplos recentes: a) quis terceirizar a fiscalização de velocidade nas rodovias estaduais e foi aconselhado até por seu próprio líder a abandonar a ideia; e b) quis criar 23 cargos de coordenadores regionais no interior e desistiu em seguida para, não muito tempo depois, voltar com a mesma proposta.

Explosivo 2

Ontem foi mais um dia de dar meia volta: a secretaria da Educação pretendia realizar amanhã um pregão presencial para contratar empresa de logística para distribuição de merenda e outros materiais para as escolas públicas. O edital, de tão bem feito, parecia sob medida para que uma só empresa vencesse a concorrência. O deputado Tadeu Veneri (PT) foi avisado da manobra por funcionários da Codapar – estatal que há anos presta o mesmo serviço – e decidiu denunciá-la na tribuna.

Explosivo 3

Antes, porém, outra vez o próprio líder governista achou por bem recomendar ao secretário Flávio Arns que desistisse de fazer o pregão nos heterodoxos termos previstos. E conseguiu suspendê-lo antes que se tornasse um assunto explosivo em razão da quantidade de TNT, um composto da dinamite, nele presente.

Café

Quando os americanos querem estudar sobre a produção cafeeira no Brasil eles entram no site da biblioteca da Stanford University e encontram quatro estudos principais: um do ex-ministro Delfim Neto, outro de uma dupla de pesquisadores brasileiros e dois de Hélio Duque, ex-deputado federal pelo Paraná.

É possível que até hoje à tarde seja definido na Justiça do Trabalho o acordo estabelecendo o índice de aumento de motoristas e cobradores dos ônibus de Curitiba. Ainda não se descarta totalmente a possibilidade de greve da categoria, mas na prefeitura imagina-se que haverá solução pacífica.

E, em assim acontecendo, o prefeito Gustavo Fruet já sabe o que fazer: decretará o aumento da tarifa em nível suficiente para equilibrar tão somente os custos do sistema urbano de Curitiba, e que pode ficar aí ao redor de R$ 2,90, talvez para menos. Os usuários do sistema integrado, que envolve 12 municípios vizinhos, estão arriscados, no entanto, a pagar mais do que os curitibanos pela passagem.

De onde deve vir a solução para que estes usuários não sejam prejudicados e a Rede Integrada de Transportes (RIT) não seja ameaçada? A solução mais provável é que o governador Beto Richa, sentindo-se na parede, reveja a decisão de não conceder o subsídio. Seria difícil resistir à inevitável pressão que os 12 prefeitos metropolitanos certamente farão sobre ele para equalizar a tarifa e não prejudicar seus munícipes. Recursos estaduais seriam repassados para a Coordenação da Região Metropolitana (Comec) e desta para a RIT.

A "guerra do subsídio" não opõe Beto Richa apenas a Gustavo Fruet ou aos prefeitos metropolitanos, mas produz faíscas também ao redor do próprio gabinete do governador.

Se há de fato um "choque de gestão" no governo de Beto Richa ele se dá no 3.º andar do Palácio Iguaçu. Como esta coluna informou no último domingo, o chefe de Gabinete, jornalista Deonilson Roldo, e o chefe da Casa Civil, deputado Reinhold Stephanes, não conseguem esconder as enormes diferenças de opinião que os separam.

O embate mais forte envolve justamente a questão do subsídio para o transporte: Stephanes é a favor da manutenção; Roldo contra. Até o momento, Richa preferiu seguir a opinião do chefe de Gabinete.

Escolado pela longa experiência no exercício de vários mandatos de deputado federal, secretário de estado e ministro em três diferentes governos, Stephanes pressentiu desde logo o potencial prejuízo político da decisão de Richa de suspender abruptamente o subsídio, que ele próprio criou em 2012 na esperança (frustrada) de facilitar a eleição a prefeito do aliado Luciano Ducci.

Roldo, ao contrário, acreditava que a suspensão do subsídio forçaria Gustavo Fruet a arcar com o ônus impopular de aumentar a tarifa acima de um patamar suportável. Para compensar, aconselhou Richa a fazer um gesto de boa vontade ao isentar o ICMS do diesel consumido pela frota de ônibus – medida que, todavia, representa inócuos 3 centavos de diferença no valor final da passagem, um "tiro no pé" para quem esperava repercussão positiva para o gesto.

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