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Atenção senhores passageiros: a Copel está chegando à conclusão que esse negócio de produzir, transmitir e distribuir energia elétrica não é muito bom, não dá muito futuro. É por isso que a empresa está pensando em investir em outros ramos, como pedágio e telefonia.

Isso não é boato, não é especulação. São afirmações do próprio presidente da Copel, Rubens Ghilardi, feitas durante uma teleconferência, há dez dias, com a participação de grandes investidores. Veja algumas frases:

– Se não tiver mais nenhuma usina em leilão nos próximos três anos, eu fico fazendo o quê? A transmissão está quase impossível de competir. Nós participamos de dois leilões da transmissão com uma TIR (taxa de retorno) de 4% e perdemos.

– Então, eu vou ficar fazendo o quê? E vou continuar no setor elétrico para dar prejuízo? Não. Eu tenho que procurar uma outra fonte para obter recursos. Na transmissão, é um negócio impossível de competir com o pessoal da Espanha, Portugal. Eu não sei qual é a mágica, mas a mágica deles diz que nenhuma empresa brasileira consegue competir com eles.

– Se não tem mais nada no setor elétrico, claro que nós vamos olhar outros empreendimentos que não precisam ser efetivamente estradas ou energia. Pode ser telefonia.

– A nossa concessão pode em 2015 ter um problema, como está sendo divulgado aí, ou as usinas podem ter, na frente, um problema de não renovar concessão, ou ter que disputar concessão. Então, nós não podemos ficar parados.

– Nós temos uma grande intenção de investir muito em telefonia. (...) Só que isso é uma competição maior ainda; hoje a telefonia, tanto a fixa como celular, tem uma gama muito grande de empresas disputando, e multinacionais – são empresas de porte muito grande.

Copel, secos e molhados 2

Quem lê as declarações do presidente da Copel, Rubens Ghilardi, transcritas literalmente aí à esquerda, pode perceber que prospera no interior da empresa uma forte crise de identidade e grande temor quanto ao futuro próximo, muito embora ela seja ainda apresentada como a mais eficiente empresa de energia do país – quiçá do mundo! – diria o governador Roberto Requião.

Ghilardi surpreendeu os investidores presentes à teleconferência – dentre os quais gigantes do porte da Merryll Linch, UBS Pactual, Deutsch Bank e Credit Suisse – com a afirmação de que energia no Brasil deixou de ser um bom negócio, que são poucas as oportunidades de investimento no setor e que a Copel perdeu condições de competir com as grandes empresas que chegaram para operar no Brasil.

Por isso, pedágio, telefonia e alcoolduto são alternativas para garantir seu futuro – uma espécie de armazém de secos e molhados. A única afirmação que Ghilardi não fez foi dizer que a privatização da Copel teria sido um bom negócio!

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Olho-vivo

Perguntinhas 1 – Um abelhudo observador da aplicação da Carta de Puebla pelo governo estadual, ao lembrar da existência das tarifas sociais da água e da energia elétrica, faz uma pergunta impertinente: se participar e ganhar o leilão rodoviário, a Copel vai criar também o pedágio social?

Perguntinhas 2 – Nesse caso, ficariam isentos ou pagariam tarifas menores os proprietários de carros populares? As Brasílias, Volks TL, Opalas e Mavericks? E, nesse caso, os sócios privados da Copel (grandes empreiteiras) concordariam com a medida? O governo já pensa em romper com seu sócio-rodoviário – como fez com o sócio da Sanepar, o grupo Dominó – se ele não concordar com o congelamento do pedágio, como acontece há quatro anos com a tarifa da água?

Tudo de novo 1 – O ex-procurador geral do estado Sérgio Botto de Lacerda, que em março deixou o posto por desavença com a família Delazari (pai e filho), tomou posse como presidente do conselho da Paranaprevidência. E já anunciou que vai questionar a aposentadoria do Ouvidor Geral, Luiz Carlos Delazari, sobre quem se afirma ser beneficiário das mesmas irregularidades de que são acusados outros promotores do Ministério Público.

Tudo de novo 2 – Botto foi também presidente do Conselho de Administração da Sanepar, onde denunciou irregularidades na gestão do contrato com a Pavibrás para obras de saneamento no litoral. Agora, na Paranaprevidência, poderá investigar o caso da doação de R$ 20 milhões feita pela Caixa Econômica, em 2006, em troca do direito de gerenciar as contas de 91 mil servidores inativos. O processo já recebeu parecer condenatório do Tribunal de Contas. Com esse dinheiro – obtido em acordo considerado ilegal –, a Paranaprevidência promoveu pelo menos três licitações que o TC considerou igualmente irregulares.

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"É um problema que não pode esperar. Não é uma questão política. Não é uma questão ideológica. É uma questão humana."

Do deputado Ney Leprevost, presidente da comissão de saúde da assembléia, ao receber grupo de pacientes de Londrina que não conseguem do governo remédios especiais.

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