Hoje é dia de nova e trepidante sessão da CPI do Transporte Coletivo instalada na Câmara Municipal e que, a cada rodada semanal, aperta o cerco sobre a Urbs empresa municipal gerenciadora do sistema e das empresas concessionárias para forçar a redução das tarifas. Os depoentes de hoje, representantes da sociedade civil, vão tocar em algumas feridas bravas.
Dirão aos vereadores, por exemplo, que os parâmetros de cálculo da planilha estão superados e que há necessidade de revisão dos termos do edital da licitação de 2010 e, consequentemente, dos contratos firmados com os quatro consórcios empresariais que operam a Rede Integrada de Transporte (RIT). A tarifa domingueira que não é bem domingueira será outro tema deveras interessante.
Pelo menos três dos quatro depoentes participaram com a Urbs da produção do primeiro diagnóstico da situação a pedido do prefeito Gustavo Fruet. Desse diagnóstico que será a base dos testemunhais constam distorções que incidem pesadamente sobre o preço final da passagem dos ônibus de Curitiba e região metropolitana.
Quer ver uma? O parâmetro utilizado para medir o consumo de diesel pela frota é o mesmo vigente na década de 1970, quando começaram a rodar os primeiros expressos. Eram ônibus com motores de primeira geração, insaciáveis. Hoje, com motores de quinta geração, o consumo é significativamente menor, garantem os fabricantes.
Como, no entanto, ao incluir combustível na planilha com o velho nível de consumo, haveria aí uma espécie de "superfaturamento". O pior da história é que o supostamente exagerado consumo está nos contratos firmados com as empresas. Como todo contrato, no entanto, eles são "imexíveis", a menos que haja acordo entre as partes. Mas também é coisa difícil de saber, pois ninguém afere com fidedignidade o quanto os atuais ônibus de fato bebem de diesel. Uma atualização do parâmetro e fiscalização mais rígida seriam bem-vindas pelos usuários, pois a tendência seria de redução das tarifas.
Uma outra curiosidade que provavelmente será mostrada hoje na CPI: você sabia que a "domingueira" não é de R$ 1,50 para todo mundo? Na verdade, quem usa o cartão eletrônico (vale-transporte) paga o preço normal dos dias úteis, isto é, R$ 2,70. É que a informática do ICI e da Dataprom responsáveis pela bilhetagem eletrônica não está preparada para transformar a unidade (uma passagem) em valor monetário (R$ 1,50).
Ou seja: os usuários que se utilizam do cartão estão sendo enganados. Se quiserem se beneficiar da "domingueira", é melhor deixar o cartão em casa e dar dinheiro vivo para o cobrador. O maior problema é que nunca a prefeitura, a Urbs ou empresários acharam importante esclarecer o povo a respeito disso. Desde a implantação festiva da domingueira, em 2006, nunca ninguém se lembrou de fazer uma campanha de esclarecimento.



