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Olho vivo

Gulag 1

Prevê-se para muito breve uma mudança no secretariado de Requião: Enio Verri, secretário do Planejamento, um dos representantes do PT no governo, vai voltar a ocupar sua cadeira de deputado estadual, mandando o suplente, Professor Lemos, para casa. A troca é resultado das seguidas críticas de Lemos, ex-presidente da Associação dos Professores do Paraná (APP-Sindicato), à política educacional e à redução de verbas orçamentárias para o setor.

Gulag 2

O líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli, vinha há pelo menos três sessões tentando contestar as afirmações de Lemos. Mas ontem os ânimos ficaram mais exaltados – a ponto de a discussão entre os dois ter se distanciado do tom republicano e caído para o plano pessoal. O destino de Lemos passou a ser o mesmo gulag dos colegas da bancada governista que ousam discordar do governo – de que são exemplo os deputados Reinhold Stephanes Junior e Mauro Moraes.

Em perigo

Começou a tramitar na 3.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba a Ação 37.165/0000 pela qual o Ministério Público pede o embargo da construção do novo shopping que o empresário Salomão Soifer (mesmo dono do Shopping Mueller) constrói no Batel. A prefeitura de Curitiba também responde como ré no processo. O MP arrola uma série de irregularidades técnicas e ambientais no projeto que está sendo executado.

O secretário da Segu­­­­rança Pública, Luiz Fernando Delazari, sempre que precisou (e precisou muito!) infundir credibilidade às suas palavras citava o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pú­­­blica – segundo ele, uma publicação estatística isenta de erros e de vícios propagandísticos. Portanto, os dados que apresenta, fornecidos por todos os estados, são verdadeiros, confiáveis e incontestáveis, conforme o secretário frisou em seu depoimento na Assembleia, anteontem.

Delazari fez despertar em algumas mentes muita curiosidade em conhecer e analisar o tal Anuário. E quem em se­­guida resolveu consultar a publicação já percebeu, à primeira vista, que o Paraná figura nele como um estado que contribuiu muito pouco com informações. Contrariamente ao que se vê em relação a outros estados, muitos números paranaenses que deveriam estar no Anuário foram subsitituídos por reticências. Por exemplo: sabe-se de quanto foi a taxa de homicídios de 2008, mas não as dos anos anteriores – dados importantes para quem busca conhecer a evolução dos índices.

Há, no entanto, informações fornecidas pelo governo do Paraná que já são mais do que suficientes para desmentir a tese desenvolvida por Delazari em seu depoimento. A tese: o Paraná é o estado que mais investe em segurança pública e que está muito melhor que a maioria dos outros.

Examinando o Anuário, constata-se:

- Dos 26 estados mais o Distrito Federal, o Paraná ocupa a 24.ª posição entre os que destinam mais recursos para a segurança em relação ao total das despesas orçamentárias. No orçamento de 2008, apenas 6,2% corresponderam à dotação para o setor – porcentual menor do que em 2006 (6,7%) e 2007 (6,5%), isto é, os investimentos na área vêm diminuindo nos últimos três anos.

- Em outras tabelas do mesmo Anuário, constata-se uma curiosidade: os estados que diminuem seus gastos em segurança conseguem como resultado aumento nos índices de criminalidade. Um exemplo é Santa Catarina, que reduziu de 11,5% em 2006 para 1,1% em 2008 a participação da segurança no orçamento e viu a taxa de homicídios crescer 83% no período. Como se sabe, no Paraná a taxa de homicídios também cresceu no período...

- Com relação à população, o Paraná aparece no Anuário com um dos menores investimentos per capita em segurança. Ficou em 21.º lugar dentre as 27 unidades da federação. Para cada paranaense, o governo gastou, em 2008, R$ 108,90. A título de comparação: o gasto per capita de São Paulo foi de R$ 218,40; o de Minas, R$ 349,50; Rio, R$ 310,00. E a média nacional foi de R$ 208,50.

- E quanto ao efetivo policial? O mesmo Anuário citado e elogiado por Delazari aponta que o Paraná está em penúltimo lugar na proporção entre quantidade de policiais por número de habitantes. Aqui, há um só policial militar para cada grupo de 665 paranaenses – proporção maior apenas do que a existente na terra da família Sarney (um PM para 809,5 maranhenses).

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