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O governador Pessuti tem planos para a vida. Aos 58 anos, seu objetivo declarado é concorrer e se eleger sucessor de Beto Richa aos 62. Portanto, desde já, quatro anos antes, já há pelo menos dois candidatos inscritos nas eleições de 2014 – o próprio Beto, que certamente iniciará o mandato pensando na reeleição, e Orlando Pessuti.

É tempo demais para fazer planos, pois há um fator que pesará fortemente nas decisões futuras: o próximo presidente da República será José Serra ou Dilma Rousseff? Se for Serra, melhor para Beto; se for Dilma, Pessuti tem largada com mais segurança. É coisa que só se ficará sabendo na noite do próximo dia 31, quando os votos presidenciais do segundo turno forem contados.

Logo, as próximas três semanas serão de muito trabalho para Beto e Pessuti – cada qual procurando fazer de seu respectivo candidato o mais votado no Paraná, uma contribuição importante do sexto maior colégio eleitoral do país para a eleição de José Serra ou de Dilma Rousseff.

A organização e a estrutura da campanha de Beto Richa para o governo não foram inteiramente desmontadas. Ficarão agora à disposição da campanha presidencial, com um importante condimento adicional – aquele poder fatal de atração que os vencedores exercem sobre os circunstantes de ocasião. Trata-se, portanto, de uma força considerável a favor de Serra, que já no primeiro turno confirmou seu favoritismo em relação à adversária Dilma.

Para equilibrar minimamente os pratos da balança, apresenta-se o PT paranaense, que, entre outros atributos eleitorais positivos, elegeu a senadora Gleisi Hoffmann com mais votos individuais do que o próprio candidato vitorioso ao governo, ampliou a bancada de deputados federais e manteve a de estaduais. Sem esquecer que o PT ainda detém o governo federal.

Os trunfos e planos de Pessuti

É nessa conjuntura que entra Pessuti e seus sonhos eleitorais para 2014. E precisa apostar na vitória de Dilma Rousseff para manter a viabilidade de sua pretensão. Restam-lhe apenas 83 dias de mandato, mas é nas próximas três semanas, principalmente, que ele jogará a sua sorte.

Ainda que Serra ganhe no Paraná e se eleja também presidente, o mundo não estará perdido para Orlando Pessuti. Embora sem mandato, vai se dedicar à missão de manter o controle do PMDB paranaense, que já tirou das mãos do ex-governador e agora senador eleito Roberto Requião.

Está seguro de que vai conseguir o intento. Em primeiro lugar porque já não vê em Requião o velho líder que mandava e desmandava no partido. Como senador, suas possibilidade de manter os cordéis partidários já são mínimos. Além disso, já não oferece perspectiva de poder: o mandato senatorial, conseguido na marca do pênalti, selaria definitivamente o seu ocaso político – ao passo que Pessuti, até pela idade e pelo já anunciado projeto de ser candidato, oferece expectativa de poder, fator mais poderoso para atrair aliados do que qualquer carisma.

Peças

Enquanto move suas peças para adonar-se definitivamente do PMDB, trata de desconstruir o pouco que restou da imagem de Requião como bom governador. Provocado pelas críticas do ex-aliado e acusado de tê-lo traído durante a campanha (Pessuti não escondia a vontade de ver Gustavo Fruet derrotar Re­­quião), o governador vem fazendo revelações constrangedoras sobre a administração do antecessor.

Por exemplo, o inchaço dos números de suas supostas realizações. Requião dizia ter feito 300 clínicas da mulher; Pessuti diz que foram apenas 140. Dizia ter ampliado o número de salas de aula; quase nada fez. Comprometeu-se com inúmeras obras municipais, que sequer saíram do papel porque não havia recursos. Para muitas delas, nem licitações puderam ser abertas por falta de previsão orçamentária.

Romaria

Anteontem, em Brasília, onde esteve para participar de reunião do PMDB nacional para debater a participação do partido no segundo turno, Pessuti fez romaria em ministérios para conseguir verbas federais necessárias para cumprir as promessas do outro. Falou com Paulo Bernardo, do Planejamento; da Saúde, José Gomes Temporão; e da Educação, Fernando Haddad.

Depois das revelações e da romaria, recomendou a Re­­quião: "Me esqueça". O que não deixa de ser outra boa es­­­tratégia para manter sua candidatura em alta.

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