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Celso Nascimento

É oficial: a criminalidade aumenta no Paraná

A reunião "Mãos Lim­­­pas" que o governador Roberto Requião faz todas as segundas-feiras com autoridades das áreas de segurança e justiça confirmou, ontem, a disposição do governo de contratar 2 mil novos policiais – 400 deles pa­­ra o Corpo de Bombeiros e os restantes para as polícias Militar e Civil. A promessa é de que os editais para abertura do concurso sejam publicados na semana que vem.

Infelizmente, a notícia não veio acompanhada de um esclarecimento necessário: os novos policiais aumentarão o efetivo ou apenas servirão para recompor os desfalques causados por aposentadorias, mortes, demissões? Imagina-se que a finalidade seja tão somente esta, de simples manutenção dos quadros – caso contrário, se fosse para aumento real, o governo não deixaria de propagandear o feito.

Enquanto, presume-se, o contingente policial continua o mesmo (ou até menor) do que o Paraná dispõe há muitos anos, a criminalidade continua crescendo assustadoramente no estado. É o que o revelam os novos relatórios divulgados na última sexta-feira pela Secretaria de Segurança, relativos aos dois primeiros trimestres de 2009.

Na mesma reunião de ontem, o governador comentou os relatórios e festejou a redução do número de homicídios dolosos em alguns municípios, como Foz do Iguaçu, Londrina e Ponta Grossa, mas esqueceu de mencionar que, para compensar, Curitiba e região metropolitana continuaram apresentando índices crescentes em relação aos períodos anteriores.

Querem ver? Somados, a capital e os municípios vizinhos registraram nos primeiros seis meses deste ano 714 homicídios dolosos, ao passo que no mesmo período de 2008 a soma foi de 606. Houve um acréscimo, portanto, de 17,5% nos assassinatos.

Em 12 meses (junho de 2008 a junho de 2009), foram 1.383 assassinatos em Curitiba e região metropolitana. Para uma população de 3.250.000 habitantes, este número, quando traduzido para o índice usual para grupos de 100 mil, a taxa chega a 43 – atualmente uma das mais altas entre capitais brasileiras. No ano passado, a taxa de homicídios era de 39.

No Paraná, o índice médio de 2008 foi de 26,5 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes (a população do estado, estimada pelo IBGE, era de 10.250.000). Quando assumiu, em janeiro de 2003, o atual governo encontrou a taxa de 23. Houve, portanto, um crescimento de cerca de 15% no índice paranaense nesse período.

Se, no Paraná, a violência cresceu nesse nível, em outros estados a situação é inversa. É emblemático o caso de São Paulo – conhecido, no passado, como um dos campeões da criminalidade –, que, em 2002, registrou taxa de 38. Em 2008, essa taxa estava reduzida em três quartos: apenas 10,6, comparável a de alguns países desenvolvidos. O Rio de Janeiro também apresentou significativa redução no mesmo período

Por que diminuiu em São Paulo e Rio e no Paraná aumentou? Há muitas explicações, dentre as quais o fato de o estado ter se consolidado como rota do tráfico. Mas é evidente, também, que o aparato policial e a política de segurança não foram capazesde acompanhar o ritmo ditado pela realidade.

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