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Olho vivo

Muro 1

"Conseguiram me derrubar do muro! A sorte é que caí do lado certo". A frase é do senador Alvaro Dias que, ontem, em Londrina, intensificou a campanha em favor do irmão Osmar – em tese seu adversário político no estado e no país. Alvaro, como se sabe, é tucano e faz oposição cerrada a Lula e ao PT, que por sua vez apoiam Osmar, do PDT, partido da base do governo. Por esse motivo, o senador mantinha-se neutro na campanha paranaense.

Muro 2

Ontem, em entrevista coletiva, ele repetiu os argumentos que o fizeram definir-se. Além da questão familiar que o leva a apoiar o irmão, Alvaro acrescentou outro: ele considerou que ele e o presidenciável José Serra foram traídos pelo candidato do seu partido, por ter provocado a fragmentação de um grupo que, unido, poderia dar grande votação à oposição ao governo federal no Paraná.

Chávez

Setores da Igreja abrem fogo contra a candidata Dilma Rousseff. Em Minas, a pregação que se ouve nas missas é de que a petista seria favorável ao aborto. Em Curitiba, a linha é um pouco diferente: o padre Elmo Rek, da paróquia do Butiatuvinha, surpreendeu o fiéis com um sermão em que chama Dilma de "Hugo Chávez de saias". O presidente venezuelano, como se sabe, foi declarado persona non grata no Paraná por uma proposição do deputado Ney Leprevost aprovada pela Assembleia em 2007.

Faz parte da psicologia do eleitor comum o desejo de "não perder o voto": ele espreita a situação e vota naquele candidato que lhe parece ser o preferido da maioria. Trata-se de um comportamento típico daquele popularmente definido como de "maria vai com as outras".

Esse fenômeno realmente existe, ninguém nega. Ele atinge principalmente a camada dos que, após (e apesar de) vários meses de campanha e de exposição dos candidatos, não conseguiram ainda, às vésperas da eleição, se decidir por nenhum deles. Atinge também os que, até mais politizados do que outros, não conseguem ver diferenças e nem se mostram satisfeitos ou convencidos com a pregação de quaisquer candidatos.

É esse o segmento mais vulnerável às pesquisas eleitorais. Se estas revelam que o X tem mais chances de ganhar a eleição do que o Y, é para o X que tende a se dirigir a maioria dos votos dos indecisos.

Por isso, quando uma eleição se aproxima da hora final e se presume que o eleitorado está dividido em partes iguais (ou quase), os indecisos ganham importância. São eles que, teoricamente, terão a missão de desempatar a partida e sacramentar a vitória de um ou de outro.

O último Ibope conhecido, datado do dia 9 de setembro, mostrava que 10% dos eleitores paranaenses ainda não sabiam em quem votar. E a diferença entre Beto Richa (47%) e Osmar Dias (38%) era de 9 pontos porcentuais – inferior, portanto, ao índice de indecisos de votos até então em branco.

Vê-se, assim, o quanto pode pe­­­sar no resultado final da eleição a – desculpem o aparente para­­­doxo – decisão dos indecisos.

Desde o último Ibope, aqui citado, houve apenas mais uma pesquisa Datafolha, de 14 de setembro, que dividia o eleitorado em proporções ainda mais apertadas. Beto somava 45% e Osmar, 40%. Cinco pontos de distância para um contingente indeciso de 11%. Situação, portanto, ainda mais dramática.

É esse raciocínio que leva os observadores a interpretar que a decisão de Beto Richa de calar todos os institutos de pesquisas e os veículos de comunicação que encomendaram sondagens se deve, supostamente, ao fato de que suas aferições internas indicariam um forte aperto – ou até mesmo inversão – dos resultados. Nesse caso, para evitar o fenômeno "maria vai com as outras", o melhor a fazer é não permitir que as novas pesquisas indiquem caminho para os indecisos.

Resta uma

Das sete pesquisas que apareciam como registradas no site do TRE até a noite de terça-feira, resta apenas uma não impugnada até ontem. Todas as demais foram derrubadas pelos juízes eleitorais que atenderam aos apelos judiciais da coligação de Beto Richa. A única ainda não barrada era a registrada pelo instituto Alvorada, de Londrina, prevista para divulgação amanhã.

Ainda há esperanças para uma rodada do Ibope. O instituto contratou advogados brilhantes – Joaquim Munhoz de Mello e Fernando Neves, ex-ministro do STJ – para provar ao TRE que a questionada metodologia aplicada à sua pesquisa está correta. Se seus argumentos vingarem, é possível que o apagão se dissipe no sábado – apertada véspera e confortável data para diminuir o número de marias que pretendiam seguir com as outras.

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