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Celso Nascimento

Em eleição apertada, dança dos indecisos dá medo

Faz parte da psicologia do eleitor comum o desejo de "não perder o voto": ele espreita a situação e vota naquele candidato que lhe parece ser o preferido da maioria. Trata-se de um comportamento típico daquele popularmente definido como de "maria vai com as outras".

Esse fenômeno realmente existe, ninguém nega. Ele atinge principalmente a camada dos que, após (e apesar de) vários meses de campanha e de exposição dos candidatos, não conseguiram ainda, às vésperas da eleição, se decidir por nenhum deles. Atinge também os que, até mais politizados do que outros, não conseguem ver diferenças e nem se mostram satisfeitos ou convencidos com a pregação de quaisquer candidatos.

É esse o segmento mais vulnerável às pesquisas eleitorais. Se estas revelam que o X tem mais chances de ganhar a eleição do que o Y, é para o X que tende a se dirigir a maioria dos votos dos indecisos.

Por isso, quando uma eleição se aproxima da hora final e se presume que o eleitorado está dividido em partes iguais (ou quase), os indecisos ganham importância. São eles que, teoricamente, terão a missão de desempatar a partida e sacramentar a vitória de um ou de outro.

O último Ibope conhecido, datado do dia 9 de setembro, mostrava que 10% dos eleitores paranaenses ainda não sabiam em quem votar. E a diferença entre Beto Richa (47%) e Osmar Dias (38%) era de 9 pontos porcentuais – inferior, portanto, ao índice de indecisos de votos até então em branco.

Vê-se, assim, o quanto pode pe­­­sar no resultado final da eleição a – desculpem o aparente para­­­doxo – decisão dos indecisos.

Desde o último Ibope, aqui citado, houve apenas mais uma pesquisa Datafolha, de 14 de setembro, que dividia o eleitorado em proporções ainda mais apertadas. Beto somava 45% e Osmar, 40%. Cinco pontos de distância para um contingente indeciso de 11%. Situação, portanto, ainda mais dramática.

É esse raciocínio que leva os observadores a interpretar que a decisão de Beto Richa de calar todos os institutos de pesquisas e os veículos de comunicação que encomendaram sondagens se deve, supostamente, ao fato de que suas aferições internas indicariam um forte aperto – ou até mesmo inversão – dos resultados. Nesse caso, para evitar o fenômeno "maria vai com as outras", o melhor a fazer é não permitir que as novas pesquisas indiquem caminho para os indecisos.

Resta uma

Das sete pesquisas que apareciam como registradas no site do TRE até a noite de terça-feira, resta apenas uma não impugnada até ontem. Todas as demais foram derrubadas pelos juízes eleitorais que atenderam aos apelos judiciais da coligação de Beto Richa. A única ainda não barrada era a registrada pelo instituto Alvorada, de Londrina, prevista para divulgação amanhã.

Ainda há esperanças para uma rodada do Ibope. O instituto contratou advogados brilhantes – Joaquim Munhoz de Mello e Fernando Neves, ex-ministro do STJ – para provar ao TRE que a questionada metodologia aplicada à sua pesquisa está correta. Se seus argumentos vingarem, é possível que o apagão se dissipe no sábado – apertada véspera e confortável data para diminuir o número de marias que pretendiam seguir com as outras.

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