Só está faltando um personagem para explicar o fracasso da política estadual de habitação: é o governador Roberto Requião. Durante os seis primeiros anos de seu governo, foram construídas, segundo balanço divulgado pela Cohapar, cerca de 22 mil casas, pouco mais de 10% do total que Requião prometeu fazer nos quatro primeiros anos.
Ontem, a polêmica entre o ex-presidente da empresa, deputado Luiz Cláudio Romanelli, e o atual, Rafael Greca, chegou à tribuna da Assembleia. Romanelli contestou a informação de Greca de que ele (Romanelli) tinha feito tão somente seis mil casas em sua gestão de 38 meses (janeiro de 2003 a março de 2007). Romanelli corrige: foram 13.254 unidades prontas e outras 11.934 iniciadas.
Vá lá: acreditemos em Romanelli e somemos o seu número aos outros constantes do balanço feito por Greca e chegaremos à conclusão de que, no total, contabilizadas as três gestões da Cohapar entre 2003 e 2008, chega-se a um total inferior a 30 mil unidades entregues.
Cadê?
Quem disse que faria 200 mil em 48 meses e faz só 30 mil em 72 meses precisa dar explicações. Mais ainda se exige que explique porque, segundo também disse o próprio governador, a austeridade com que seu governo é conduzido permite construir casas pela metade do valor usual.
Não se espere, no entanto, por explicação. Elas nunca são dadas mesmo. Até agora, por exemplo, não foi explicado o descumprimento de outra promessa importante: a de colocar em funcionamento pleno 24 hospitais públicos em todas as regiões do estado. Cadê eles?
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Olho vivo
Cizânia 1
Aquisição de produtos veterinários e treinamento de cavalos podem fazer parte da relação de gastos com saúde pública para completar os 12% da receita estadual exigidos para o setor pela Emenda 29? O deputado Ney Leprevost leu a notícia de que na prestação de contas de Requião, relativas a 2005, gastos dessa natureza compunham o cabedal destinado à saúde e ficou curioso para saber se isso é mesmo verdade.
Cizânia 2
Na segunda-feira, ele vai pedir informações ao Tribunal de Contas para saber se, de fato, a auditoria das contas estaduais identificou a inclusão dessa despesa como sendo de saúde pública. Leprevost vai além: vai pedir ao Ministério da Saúde para confirmar (ou negar) o rumor de que o Paraná deixaria de receber recursos federais por ter maquiado despesas. E mais: perguntará ao Conselho Estadual de Saúde por que, até agora, não aprovou as contas do setor relativas a 2008.
Cizânia 3
Esse problema não é novo. Em 2005, o então conselheiro do Tribunal de Contas (hoje, chefe da Casa Civil), Rafael Iatauro, foi o relator da prestação de contas do ano anterior. Na época, ele escreveu em estilo mordaz: "Até capela mortuária foi incluída, quando eu sei que morto não tem saúde. Não é possível. Daqui a pouco são flores, enterro, caixão... Isto não é saúde!", exclamou.
Hã? 1
A Appa, em nota, confirmou a informação da coluna, ontem, de que a draga HAM, contratada por R$ 29 milhões, se encontra com problemas nos motores e que teve de interromper os serviços de dragagem após recolher 1/3 do volume de sedimentos estimado. A draga já teria voltado a funcionar, mas vai parar de novo dia 5 de maio para, só então, passar a trabalhar em plena condição. Hã?
Hã? 2
Na mesma nota, a Appa contesta outra informação: a multinacional Bunge não será a única beneficiária da planejada ampliação do cais Oeste. Haveria espaço para que outras empresas também passassem a operar no local se construírem estruturas próprias em áreas públicas supostamente disponíveis nas proximidades.
Hã? 3
Os investimentos de R$ 260 milhões que a Appa diz que aplicará até o fim do governo curiosamente não mais contemplam a construção do Porto do Mercosul, em Pontal. Requião desistiu? Até pouco tempo, esse porto estava entre suas prioridades a tal ponto que anunciou a desapropriação da área, hoje pertencente a um empreendedor privado (João Ribeiro) que, há anos, busca viabilizar o projeto com recursos privados.
Vale tudo
Requião comemora o afastamento do desembargador federal Edgard Lippmann pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Lippmann foi o juiz que o condenou a não fazer uso indevido da tevê Educativa e impôs multas pelo descumprimento. Observe-se, porém, que a suspensão de Lippmann se deu por outro motivo e que as decisões que tomou continuam válidas.
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