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Dois dos mais votados políticos do Paraná nas últimas eleições estão sendo insistentemente convidados pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), para serem os porta-bandeiras do novo partido que, sob a liderança dele, está sendo fundado. É o Partido Social Democrata (PSD), que já chegou a ser batizado de PDB (Partido Democrático Brasileiro) com a intenção futura de fundir-se ao PSB e integrar a base de apoio ao governo de Dilma Rousseff.

Os dois políticos são o ex-deputado federal tucano Gustavo Fruet e o deputado estadual do PP Ney Leprevost. O currículo eleitoral de ambos é excelente: Gustavo foi sempre um dos mais votados quando disputou, por três vezes, uma cadeira na Câmara. Em 2010, candidato a senador, só não foi eleito por uma diferença de pouco mais de 1% em relação ao vencedor, o ex-governador Roberto Requião.

Ney Leprevost também tem história de sucesso. Na última eleição, foi o quinto mais votado deputado estadual no Paraná, com 80 mil votos, mas, em Curitiba, sua principal base, foi o mais votado, alcançando 56 mil votos – 40% a mais em relação ao que conseguiu no pleito de 2006.

É o prestígio demonstrado nas urnas pelos dois políticos que estimulou Kassab a convidá-los para conversar (em separado) na semana passada. Embora os resultados não possam ser classificados como positivos, são, pelo menos, promissores do ponto de vista do prefeito paulistano, interessadíssimo em montar uma legenda forte para sustentar os projetos pessoais ambiciosos que acalenta: primeiro, ser governador de São Paulo; depois, quem sabe, a Presidência.

Para Fruet, sobra partido mas falta tempo de tevê

O PSD precisa se constituír formalmente até o fim de setembro próximo para se habilitar a disputar as eleições municipais de 2012 – espaço de um ano antes do próximo pleito. Há, contudo, um inconveniente para esse 2012: o tempo de televisão de que o novo partido disporá na campanha será o mínimo reservado pela Justiça Eleitoral – não mais do que um minuto – para agremiações que não tenham representantes eleitos na Câmara Federal.

Portanto, para quem tem planos de se candidatar no ano que vem, o PSD pode não ser uma boa opção. É o caso de Gustavo Fruet, ainda ameaçado de não poder contar com a sua própria legenda para disputar a prefeitura de Curitiba. Ala do PSDB, capitaneada pelo presidente da Câmara, vereador João Cláudio Derosso, quer levar o partido a apoiar a reeleição do prefeito Luciano Ducci, do PSB.

Assim, antes de dar qualquer resposta a Kassab, Fruet prefere esperar, (mas não muito tempo), a definição tucana. Estuda também convites de outros partidos já estruturados, como PPS, o PDT, o PV e o PSC, e que já dispõem de maior participação na divisão dos tempos da propaganda eleitoral gratuita. Alternativas partidárias não lhe faltam, mas o PSD talvez não seja a melhor delas. Por isso, Kassab se despediu de Fruet sem obter dele a resposta que já considerava certa.

O caso de Leprevost, que não quer ser refém

Dessas preocupações não sofre o deputado Ney Leprevost. Preocupação, para ele, é permanecer no PP – partido que, ele sabe, não lhe abrirá oportunidades na eleição do ano que vem. Claro, ele manterá seu mandato de deputado estadual até 2014, mas não esconde o desejo de colocar seu nome em algum lugar da disputa eleitoral de 2012. Não é segredo para ninguém que ele constrói sua carreira política pensando em ser, um dia, prefeito de Curi­­tiba.

Pelo PP dificilmente terá essa chance. O partido já está comprometido com a reeleição de Ducci e é remota a possibilidade de indicar o vice da chapa. Os espaços já estão todos tomados ou por outras legendas ou por outros colegas de partido. Se ficar no PP, Lepre­­­vost raciocina, ficará seu refém por tempo indeterminado. Por outro lado, se não aproveitar a "janela" que se abre para filiar-se a um partido em formação sem risco de cair na lei da infidelidade, não poderá fazê-lo depois. Então, por que não aceitar já o convite para ser um dos fundadores do PSD e garantir seu comando em Curitiba?

Sua decisão poderá ser anunciada nos próximos dias, mas não sem antes cumprir outra parte do processo: "ouvir" suas bases e, se possível, atrair outras lideranças para acompanhá-lo na em­­­preitada.

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