O ex-senador Osmar Dias espera ter removido uma das principais dificuldades que poderiam interferir na sua já anunciada pretensão de se candidatar ao governo estadual em 2018. Foi a Brasília na terça-feira (22) para conversar com Ciro Gomes, potencial candidato a presidente na sucessão de Michel Temer.
A dificuldade consistia no fato de, sendo ambos do mesmo partido, o PDT, Osmar não poderia dar palanque para Ciro Gomes no Paraná durante a campanha. Por um motivo simples: o senador Alvaro Dias, irmão de Osmar, também pretende concorrer à Presidência, pelo Partido Verde. E um não joga politicamente contra o outro, segundo juras mútuas e fraternas que firmaram solenemente há muito tempo.
Osmar explicou isto a Ciro, que disse compreender a situação e o liberou de qualquer compromisso no estado. Com o acréscimo de que seria inútil, por motivo tão óbvio, pedir o contrário.
Outras dificuldades Osmar Dias espera resolver com o tempo. São situações que independem de sua vontade. Por exemplo: que formato real terá a reforma política sob a qual transcorrerá a eleição de 2018? Ainda não se sabe que partidos sobreviverão à cláusula de barreira, que tende a reduzir o quadro de legendas das 35 atuais a no máximo oito.
O PDT é uma das siglas que, certamente, se salvarão da poda – mas em compensação será o partido preferido dos expurgados da esquerda, que se opõem ao governo Michel Temer, à crescente “direitização” da política nacional e que não veem no PT uma alternativa inteligente. Com o PDT mais situado à esquerda, Osmar poderia encontrar resistência para cogitar alianças com os grupos tucano-liberais que hoje dominam o cenário paranaense e dos quais o maior representante é Beto Richa.
Mas não é isto que preocupa Osmar agora. Por acreditar que encarna a única candidatura viável atualmente no Paraná, acabará beneficiado pela lei da gravidade: não precisará se esforçar muito para que apoios fortes – incluindo o de tucano-liberais – caiam no seu colo. Ele pode ser, por exemplo, a mais viável das alternativas que Richa tem para se eleger senador se concorrer na mesma chapa. Quem viver verá.
Boia-fria 1
Não é a primeira vez que o advogado José Roberto Batochio visita a “região agrícola” – como denominou Curitiba e o Paraná durante audiência de oitiva de testemunhas conduzida pelo juiz Sergio Moro, na última segunda-feira (21). Atuando na defesa do ex-presidente Lula, Batochio adotou a técnica de lançar provocações pessoais contra Moro ao insinuar que ele agia à moda dos juízes nazistas. Sua intenção, além de tumultuar a audiência, era a de levar Moro a perder a fleugma e a compostura visando a torná-lo suspeito (por falta de isenção) para julgar Lula.
Boia-fria 2
O ilustre causídico, ex-presidente nacional da OAB, já esteve nestas paragens bucólicas em 2010, quando defendia o ex-diretor geral da Assembleia Legislativa Abib Miguel, o Bibinho. Batochio batia na trave cada vez que pedia à Justiça paranaense um habeas corpus para tirar seu cliente da prisão, que cumpria num quartel da PM. O benefício acabopu sendo concedido pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas teve curta sobrevida.
Boia-fria 3
Não muito depois, Batochio sentiu-se como um boia-fria: o habeas corpus foi revogado pelo STJ e Bibinho voltou ao xadrez para cumprir a pena a que foi condenado por participar do esquema dos “Diários secretos” – tema de premiada série de reportagens desta Gazeta – que desviou R$ 200 milhões da Assembleia. Advogados paranaenses que atuavam em parceria com Batochio na mesma causa tentaram também a técnica de provocar em nível pessoal alguns desembargadores “agrícolas”. Não tiveram êxito.
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