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Políticos não dormem de touca. Estão sempre acordados e atentos quanto ao que devem fazer para tirar a maior vantagem possível – o que, na prática, significa ganhar a próxima eleição e, de preferência, também a seguinte. Daí o fato de a eleição municipal de 2016 – para prefeitos e vereadores – já estar correlacionada com a de 2018, para governador, senador e deputados federais e estaduais.

Maior colégio eleitoral do estado, com mais de um terço dos votos, Curitiba e região metropolitana são estratégicos para quem precisa se arrumar para 2018. É com essa visão, completamente desprovida de qualquer conteúdo político, ideológico ou programático, que rolam nos bastidores os arranjos para a eleição da capital.

Assim, ainda na fase de consultas e prospecções, especulam-se sobre as mais improváveis alianças. Nomes e posições são trocados de lá pra cá e vice-versa na busca de combinações ideais – essas entendidas como as que têm potencial para oferecer vantagem. Seguem a famosa Lei de Gerson: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também”.

Assim, trama-se em alguns ambientes a possibilidade de uma estapafúrdia aproximação entre o prefeito Gustavo Fruet, candidato à reeleição, com o governador Beto Richa, pretendente ao Senado em 2018. Para alguns palacianos, seria importante a reeleição de Fruet (PDT), na medida em que isso pode favorecer a candidatura do seu correligionário de partido Osmar Dias ao governo do estado.

Animado com a vitória em Curitiba, Osmar não precisaria mudar seus planos de postular o Palácio Iguaçu e, no lugar disso, candidatar-se ao Senado. Com ele fora da disputa senatorial, o caminho ficaria mais livre e plano para Beto Richa ganhar a almejada cadeira de senador. Já se considera que a outra cadeira em disputa estaria reservada à reeleição do senador Roberto Requião (PMDB).

São jogos de quem maneja os cordéis da política. Não são de autoria do colunista – ao contrário do que imagina o prefeiturável Rafael Greca, que dia destes atribuiu a dois jornalistas da Gazeta do Povo a autoria de movimentos que o colocam como objeto de pretensas articulações. Tais arranjos não acontecem na Redação, mas em gabinetes de políticos, uns grandes e outros de menor estatura.

Sobre Rafael se estenderam olhares de cobiça por quem entende que ele seria o único dentre os vários candidatos a criar dificuldades para a reeleição de Fruet. E a tal ponto que as articulações previam até mesmo a retirada de Luciano Ducci (PSB) da concorrência para aplainar o caminho de Greca e evitar que Richa tivesse de expor apoio ao seu fiel ex-vice-prefeito. Poderia aparentar “neutralidade” e não sofrer o desgaste com uma nova derrota em Curitiba.

A loteria ainda não correu e, se os políticos puderem marcar triplo, eles o fazem sem muito pudor – conforme recomenda a cínica Lei de Gerson. Marcar triplo inclui a insistência de alguns setores palacianos para convencer o deputado estadual licenciado e secretário de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr. (PSC), a outra vez concorrer a prefeito. Veem-no também com chances, desta vez, de brecar a reeleição de Fruet. Ou, em outra hipótese, dar a Rafael Greca um nome de seu partido para a vice.

Ratinho ainda não se convenceu de nada. Está crente que é melhor se preservar para outro sonho – o de concorrer ao Palácio Iguaçu em 2018, em “dobradinha”, clara ou disfarçada, com Richa candidato a senador. Pelos seus botões, no entanto, perpassam situações mais duras, pois também não lhe será fácil enfrentar, ao mesmo tempo, a concorrência de Osmar Dias e a da vice-governadora Cida Borghetti (de volta ao PP do marido-deputado Ricardo Barros), que estará no comando do Paraná nos nove meses finais da atual gestão.

Partidas clássicas de xadrez terminam em 41 lances, com milhões de possibilidades de movimentos no tabuleiro. O jogo 2016-2018 está apenas começando.

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