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Olho vivo

O dono da festa 1

Meio mundo da política paranaense seu reuniu para o jantar em homenagem aos 80 anos de Sylvio Sebastiani, na última sexta-feira, em Santa Felicidade. Sebastiani tem história: ele foi o primeiro presidente do velho MDB de guerra, então instalado, no fim dos anos 60, numa humilde sala na Rua Pedro Ivo, quase esquina da Barão do Rio Branco. Fazia dupla com o vereador Arlindo Ribas de Oliveira – ambos originários do antigo PTB.

O dono da festa 2

Sylvio foi um dos resistentes contra a ditadura militar. Com a mesma força com que, na juventude, se apresentava como astro de telecatch, protegeu perseguidos do regime (possibilitou a fuga, por exemplo, do ex-ministro do Trabalho de Jango, Amaury Silva, para o Uruguai) e fez malabarismos para esconder arquivos importantes. Nunca, em mais de meio século de atuação, deixou de fazer o bom combate pela democracia e pelas liberdades. Bom articulador dos bastidores, com uma vasta rede de amigos Brasil afora, atuou como conselheiro de muitos políticos importantes, no Paraná e fora dele.

O dono da festa 3

A festa de Sylvio foi suprapartidária. Entre as centenas de comensais, lá estiveram presentes o vice-governador Orlando Pessuti, o senador Alvaro Dias, do deputado Gustavo Fruet (cujo pai, Maurício, era amigo pessoal do homenageado), os ex-deputados Leo de Almeida Neves, Oswaldo Evangelista de Macedo e Nilso Sguarezzi.

Recomeço

A vida recomeça: fim do recesso parlamentar, o Congresso Nacional, assembleias e câmaras legislativas voltam ao trabalho normal. No plano federal, a atenção estará voltada para o destino que terá o presidente do Senado, senador José Sarney – protagonista de escândalos que paralisaram o Congresso nos últimos seis meses. Por aqui, o reencontro dos políticos deve acelerar as confabulações em torno da sucessão estadual, embora não se deva esperar para breve definições irreversíveis.

"Algo de estranho há", como escreveu o juiz João Luiz Cleve Machado, de Fazenda Rio Grande, ao determinar, na semana passada, a suspensão de uma audiência pública que se realizaria dia 29 último para decidir sobre a implantação de um aterro sanitário no município. O juiz concedeu a liminar com base num parecer do Ministério Público em ação popular impetrada contra a empresa Estre Ambiental S/A, do mesmo grupo da América Latina Logística (ALL), concessionária de ferrovias no Paraná e em outros estados.

De fato, tudo parece tão estranho! Há uma concorrência em curso, embora travada na Justiça, que visa a implantação de uma usina capaz de industrializar as 2.500 toneladas de lixo produzido por Curitiba e 16 outros municípios da região metropolitana.

A Estre não participa dessa concorrência, mas, ainda assim, investe milhões para implantar um empreendimento com a mesma finalidade e com a mesma capacidade. E quem acompanha o desenrolar dessa complicada licitação coordenada pela prefeitura de Curitiba não compreende as razões que levam a empresa a pensar que tem chance de assumir o serviço.

A Estre deve saber. Ela tem sido ajudada pela secretaria estadual do Meio Ambiente e pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) que, antes mesmo de cumpridas exigências prévias, concederam-lhe a licença ambiental – algo que o mesmo juiz Cleve Machado disse ser "sem dúvida ilegal".

Teria a Estre entendido que, ao contrário do que a prefeitura de Curitiba requereu, aqueles dois órgãos ambientais não renovarão por mais um ano a licença ambiental do esgotado aterro da Caximba? E que, diante da demora (talvez meses ou anos) da Justiça em desembaralhar a licitação em curso, os municípios terão que contratar uma empresa em caráter emergencial? E que, dispondo a Estre de uma área licenciada e pronta para receber o lixo, não seria ela a beneficiária dessa emergência?

Não é de se duvidar que a questão tome este caminho, pois, estando a Caximba esgotada (o prazo venceu em julho passado), há que se providenciar com urgência um local onde jogar as 2.500 toneladas de lixo da região – caso contrário, estaria configurada uma situação de calamidade pública. O que, segundo a lei das licitações, permite ao poder público contratar empresa sem realizar concorrência.

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