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Uma das exigências que o presidente paraguaio, Fernando Lugo, faz ao governo brasileiro visando à reformulação do Tratado de Itaipu diz respeito à construção de eclusas na altura da barragem da hidrelétrica – obra que permitiria a navegação em toda a extensão do Rio Paraná – desde o Sul de Minas Gerais até a Bacia do Prata, na Argentina – com a transposição, mediante estações elevatórias, dos 122 metros de altura da barragem.

As eclusas – logicamente que financiadas com recursos brasileiros – constam da proposta de seis pontos colocadas na mesa pelo governo paraguaio, conforme revelou esta coluna, com exclusividade, na edição de ontem. As outras cinco exigências do Paraguai ao Brasil são:

• Perdão da parte que lhe corresponde na dívida internacional de US$ 19 bilhões;

• Revisão do preço pago pela energia que o Paraguai não usa;

• Liberdade para vender eletricidade a outros países;

• Interligação do sistema elétrico de toda a América Latina;

• Igualdade entre os dois países na gestão da binacional.

Por enquanto, a proposta está sendo discutida apenas no âmbito da própria Itaipu, porém com acompanhamento direto do secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães Neto.

Segundo informam fontes com acesso privilegiado às negociações, além do radicalismo da parte paraguaia, os negociadores brasileiros contam com uma séria dificuldade suplementar, representada pelo diplomata Samuel Pinheiro. Na semana passada, em palestra a funcionários graduados de Itaipu, ele provocou arrepios ao defender a idéia de que o Brasil, por ser uma economia mais forte, deve fazer concessões aos vizinhos pobres.

Tal política, que já foi desastradamente colocada em prática pelo Brasil nas suas relações com a Bolívia (para quem perdemos instalações da Petrobras e nos obrigamos a pagar mais pelo gás) e com o Equador (que também ameaça a Petrobras), se aplicaria perfeitamente na questão de Itaipu.

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Mas voltando às eclusas. Elas seriam uma boa idéia, inclusive para o Brasil, não fosse um singelo detalhe: a cidade de Foz do Iguaçu, situada em cota 15 metros mais baixa que a barragem, simplesmente seria inundada e desapareceria do mapa, conforme demonstram antigos estudos conduzidos pelo professor Sinildo Neidert (recentemente falecido), do laboratório de hidráulica da Universidade Federal do Paraná.

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