• Carregando...

O governo estadual quer aumentar o capital da Agência de Fomento do Paraná de R$ 683 milhões para R$ 2 bilhões. Tem projeto nesse sentido tramitando em regime de urgência na Assembléia. O organismo, criado no governo Jaime Lerner, em 1997, opera o sistema de microcrédito no estado e é hoje considerado um dos principais instrumentos de apoio aos pequenos empreendedores, pequenos agricultores e microempresas.

Bem no espírito da Carta de Puebla, podem beneficiar-se do microcrédito, por exemplo, pipoqueiros, carrinheiros, vendedores ambulantes, que recebem empréstimos de importâncias reduzidas para pagamento a juros baixos e prazos longos. Faz muito sucesso em países interessados em reduzir a miséria da população. Deu até um prêmio Nobel da Paz, no ano passado, outorgado ao economista bengalês Muhammad Yunus, criador do sistema.

No Paraná, porém, há dúvidas quanto ao desempenho da Agência de Fomento na operação da linha de microcrédito. E desconfianças de que, por trás do pedido de aumento do capital, pretende-se usar maciçamente durante o período eleitoral do ano que vem os novos recursos e os represados no passado.

Um dos indícios é que atualmente não estão sendo cumpridos os convênios para repasse de recursos às prefeituras, incluindo a de Curitiba, onde a demanda é enorme. Além disso, segundo informa a diretora de Operações Cristina Stephanes, a Agência fez, nos últimos seis anos, apenas 32 mil empréstimos, num total de R$ 112 milhões.

Feitas as contas, isso representa 444 empréstimos por mês no valor médio de R$ 3.500. Como o Paraná tem 399 municípios, conclui-se que chegou a cada um deles, em média, apenas pouco mais de um empréstimo por mês ao longo dos seis anos. Com certeza, é muito pouco em relação ao número de necessitados.

* * * * * *

Demorou, mas aconteceu

O prefeito Beto Richa precisou de quase uma semana para chegar à conclusão de que uma coisa era uma coisa, outra coisa era outra coisa. Só ontem o alcaide conseguiu vencer as próprias resistências e exonerou o seu chefe de gabinete, Ezequias Moreira – aquele que recebia salário da Assembléia usando o nome da sogra, que nunca trabalhou na Casa e que estava lotada num há muito inexistente gabinete do ex-deputado Beto Richa.

Oficialmente, foi Ezequias que pediu demissão, mas sabe-se que recebeu apelos do prefeito após este ter se convencido dos prejuízos políticos e eleitorais se o mantivesse no cargo. Passou por cima da tese de que tudo não passava de conspiração dos adversários e abandonou, também, a idéia de que não demitiria o auxiliar enquanto a Assembléia não terminasse a sindicância interna para descobrir porque continuava pagando os salários da sogra.

Uma coisa era manter no próprio gabinete um assessor que, flagrado na irregularidade, sequer esboçou defesa. Outra coisa é problema do presidente Nelson Justus, que precisa explicar por que a Assembléia é tão assombrada por fantasmas.

* * * * * *

Olho vivo

Correria 1 – Correria contra o tempo, ontem, na Sanepar: a empresa deveria recolher no Banco do Brasil a multa de R$ 1,2 milhão que lhe foi aplicada pelo Ibama. Mas ainda tentava duas saídas: convencer a ministra Marina Silva a permitir que o valor seja aplicado em projetos ambientais ou parcelar a dívida.

Correria 2 – A possibilidade de êxito em obter qualquer das regalias era, porém, próxima do zero, por um simples motivo: a Sanepar perdeu todos os prazos para recorrer da multa, vencidos desde que a penalidade lhe foi imposta em 2001. A multa foi baixada em razão dos danos ambientais e materiais provocados pela uso das águas subterrâneas do Aqüífero Karst, em Almirante Tamandaré, para fins de abastecimento de 200 mil moradores da região.

Correria 3 – A Sanepar foi incluída no Cadastro de Inadimplentes (Cadin) do Banco Central por estar em dívida com o Ibama. E, por esse motivo, encontra-se impedida de tomar empréstimos e firmar contratos que envolvam recursos públicos – problema que só se resolve com o pagamento da multa.

Palmas para ele – O governador Roberto Requião entrou na luta contra a aprovação, pelo Congresso, de projeto que descriminaliza a prática do aborto. Ontem, em Foz do Iguaçu, ele aderiu ao abaixo-assinado "Mobilização: um Grito pela Vida; Diga não ao Aborto" e conclamou líderes políticos do Oeste a "formar conosco um movimento de resistência à banalização da vida".

Luz – A propósito da nota "Falta Luz", publicada na última terça-feira, a Copel informa que mantém no seu site o acesso público às atas das reuniões de Conselho de Administração. A Copel tem razão: a ata da última reunião de fato está no site e tem apenas uma única e hermética linha: "I. aprovado o Relatório 20-F, a ser enviado à United States Securities and Exchange Comission – SEC." Tudo muito claro e transparente.

* * * * * *

"Após conversar com o prefeito, tomei a decisão de me afastar do cargo de Chefe de Gabinete."

De Ezequias Moreira, comunicando a decisão e reafirmando sua confiança nas investigações do Ministério Público.

celso@gazetadopovo.com.br

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]