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O secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, é mestre em criar encrencas. Como é forasteiro e não tem ambições ou compromissos político-eleitorais no Paraná, nunca perde o sono. Dormiu bem até naquela noite de 29 de abril quando, enquanto se aconchegava ao travesseiro, pelo menos 213 servidores cuidavam das feridas abertas durante a Batalha do Centro Cívico.

Saíra de sua cabeça a ideia de confiscar a poupança da previdência – pivô dos protestos que a Polícia Militar conteve à base de balas de borracha e gás de pimenta. O resultado político imediato foi a queda abissal dos índices de aprovação do governador Beto Richa, que, embora tenha se considerado o “mais ferido”, não consta que tenha perdido o sono.

Agora, Mauro Ricardo aponta para outra direção, igualmente à procura de encrenca certa – mas, desta vez, coberto de razão. Ele não só decidiu represar R$ 100 milhões que deveria repassar para o Tribunal de Justiça neste fim de ano, como também reclamou de outros poderes e instituições que subtraem do Tesouro mais dinheiro do que precisariam para subsistir. Chamou estes organismos de “ilhas de prosperidade” em contradição à penúria desértica de que sofreria o Executivo.

No caso do TJ, por exemplo, o secretário da Fazenda acusou a instituição de manter quase R$ 1 bilhão aplicados em especulação financeira para custear privilégios corporativistas. O presidente do TJ, desembargador Paulo Vasconcelos, nega e, em tom irritado, desafia o secretário a provar o que disse.

Casos semelhantes ao do TJ ocorrem na Assembleia, Tribunal de Contas e Ministério Público. Segundo Mauro Ricardo, os porcentuais de repasse estão na lei, mas falta “vontade política” dos que poderiam mudar a lei. Somados, esses poderes consomem 18,6% do Orçamento estadual, sem proporcional correspondência, em quantidade e qualidade, aos serviços que prestam.

Em que lugar estaria a falta de “vontade política” de que fala o secretário? Está em todos os Poderes, incluindo o Executivo, mas principalmente na Assembleia. São os deputados que votam as leis orçamentárias, mas nesta hora não se arriscam a cortar na própria carne nem se encorajam a confrontar o Judiciário, o MP e o Tribunal de Contas, reduzindo seus porcentuais de repasse. Ninguém abre mão das sobras, ainda que falte merenda nas escolas ou combustível nas viaturas.

No máximo, depois de gastarem exageradamente durante o ano todo, criam a farsa da devolução de “economias”, como a ocorrida semana passada com a “devolução” bem fotografada de um “checão” de R$ 250 milhões ao Tesouro.

Olho Vivo

“Vingança” 1

O deputado federal Luciano Ducci (PSB) já está em campanha para voltar à prefeitura de Curitiba. Tendo como guru um ex-secretário estadual de Comunicação, definiu discurso e divulgou pesquisa Ibope que o coloca na dianteira, com 23%. Em seguida vêm Requião Filho (PMDB, 19%), Rafael Greca (PMN, 15%), Gustavo Fruet (PDT, 14%) e Tadeu Veneri (PT, 4%). Ratinho Jr. (PSC) não foi incluído na pesquisa.

“Vingança” 2

Ao escolher o atual prefeito como seu adversário preferencial, Ducci distribui notas e recorre às redes sociais para criticar o sucessor, que, segundo ele, apenas inaugura obras iniciadas na sua gestão e arranja desculpas para não fazer outras. Tem sido cauteloso, porém, num ponto: evita mostrar ligação com Beto Richa, de quem foi vice-prefeito e de quem sempre recebeu apoio.

“Vingança” 3

Em 2012 Ducci considerava-se no segundo turno disputando com Ratinho Jr., conforme apontavam o Ibope e outros institutos. Os momentos finais da apuração mostraram outra realidade: foi derrotado pelo “azarão” Fruet por míseros 4 mil votos. Estaria chegando a “hora da vingança”?

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