• Carregando...

Três semanas antes da eleição para a nova diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o atual presidente e candidato à reeleição, Rodrigo Rocha Loures, fez pesado discurso apontando uma coincidência: exatamente durante os quatro anos do governo Requião, a indústria paranaense parou de crescer. O discurso aconteceu no início da semana no Sindicato da Construção Civil (Sinduscon).

De acordo com a série histórica iniciada em 1992, o PIB industrial do estado só apresentou índices positivos até 2002. De lá para cá – isto é, de 2003 em diante, ano em que se iniciou a era Requião – houve acelerado processo negativo. A indústria paranaense encolheu em relação a todos os anos anteriores e em relação à média nacional.

Rocha Loures cuida para não ser categórico em culpar Requião. "Há causas macroeconômicas", explica. Mas lembra que, se o governo do estado tivesse uma política industrial consistente, a perda de terreno teria sido evitada.

Segundo ele, o grande problema é que o governador não acredita na grande e média indústrias como fatores estratégicos de desenvolvimento econômico com reflexos sociais e, por isso, deixa de utilizar os instrumentos de que dispõe o estado para apoiar o setor. Cita, como exemplo, a falta de articulação das áreas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, como o Tecpar, o Iapar e o Lactec. E também a relação conflituosa que Requião mantém com o empresariado, o que só serve para desestimular os investimentos.

E vai ainda mais longe: chama de inoperantes os secretários responsáveis pela área – o atual secretário da Indústria e Comércio, Virgílio Moreira, e o Especial, Luiz Mussi ("que nada entende de indústria"). A citação desses nomes pode não ser também uma mera coincidência: ambos participam da chapa de oposição que disputará a eleição da Fiep marcada para o próximo dia 13 de agosto.

New York, New York

O governador Roberto Requião, a esposa Maristela, o chefe da Casa Militar, coronel Anselmo Oliveira, vão dividir R$ 45.561,90 (o equivalente a 24 mil dólares) para cobrir despesas pessoais durante a viagem que fazem a Nova Iorque. Na terça-feira, Requião bate o sino de encerramento do pregão da bolsa nova-iorquina – uma homenagem pelos dez anos em que as ações da Copel são negociadas lá.

O primeiro casal leva a maior parte (R$ 41.433,58) da bolada liberada pela Governadoria para a excursão de uma semana a NY. O site Gestão do Dinheiro Público não esclarece se outros R$ 30 mil liberados no último dia 17 para passagens e despesas de locomoção se referem à mesma viagem.

Não foram encontrados no site registros a respeito das ajudas de custo a que também têm direito os demais membros da comitiva: dois secretários (Virgílio Moreira, da Indústria, e Aírton Pisseti, da Comunicação), dois diretores da Copel (o presidente Rubens Ghilardi e o diretor de Finanças, Paulo Trompczynski). Dois deputados – Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) e Durval Amaral (DEM) – também estão por lá, provavelmente às custas da Assembléia.

Pode-se calcular, assim, que, quando Requião badalar o sino terão sido gastos, muito por baixo, R$ 250 mil do nosso mísero dinheirinho. Haverá retorno desse investimento?

* * * * * * *

Olho vivo

Vidraça 1 – Não é por causa de falhas estruturais nem em razão do peso da consciência do habitante do último andar que boa parte dos vidros do recém-inaugurado Palácio das Araucárias está sendo substituída. É o que esclarecem a Casa Civil e a Secretaria de Obras para tranqüilizar os servidores que trabalham no prédio e que, preocupados com a própria segurança, atribuíam o problema àqueles fatores.

Vidraça 2 – Segundo informam os dois órgãos, são 138 os vidros que estão sendo substituídos: apresentavam rachaduras, falhas na película, manchas opacas ou sofreram outros danos durante a colocação. A troca está sendo feita pela empresa Temparaito e as despesas correm por conta da Construtora Thá, responsável pela obra. A troca também não acontece sem imprevistos: ontem, um dos novos vidros rachou porque estava maior do que o espaço onde seria colocado.

Severinos – Correu notícia ontem de que, antes de viajar para NY, Requião teria assinado lei concedendo título de cidadão honorário a Severino Cavalcanti, o folclórico ex-presidente da Câmara Federal que renunciou por receber mensalinho de uma cantina da Casa. O Severino cidadão é o Araújo, presidente do diretório estadual do PSB. O Cavalcanti ainda espera o seu diploma: em 2005, a Assembléia aprovou projeto que lhe concede o título, mas que Requião ainda não transformou em lei.

De ônibus – O deputado federal Dr. Rosinha (PT) diz que não são os vereadores de Curitiba os culpados pelo fato de a prefeitura não ter realizado a licitação para o transporte coletivo da capital. Segundo ele, Beto Richa não precisa esperar a Câmara votar o projeto para abrir a licitação. "A prefeitura de Curitiba não faz porque Beto Richa não quer, não tem interesse em realizá-la." Mas é de se pensar: se os vereadores tiverem interesse poderiam votar o projeto que engavetaram há um ano e acabar com o pretexto do prefeito.

* * * * * *

"Tentam politizar a questão para camuflar interesses."

Do superintendente do porto de Paranaguá, Eduardo Requião, contestando suspeitas que pesam sobre o destino da areia que resultará da dragagem da baía.

celso@gazetadopovo.com.br

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]