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O Palácio do Planalto, onde fica o presidente da República. | Beto Barata/PR
O Palácio do Planalto, onde fica o presidente da República.| Foto: Beto Barata/PR

Não se trata de um problema exclusivo do Paraná. É do Brasil inteiro. O fato é que as eleições se aproximam e brasileiros são colocados diante de opções pobres, que não respondem à grandeza dos desafios nacionais.

Ninguém quer reviver algum tipo de sebastianismo – aquele movimento que ocorreu no século 16 quando o rei dom Sebastião foi morto na batalha de Alcácer-Quibir, e Portugal ficou sob o domínio da Espanha. Inconformados, os portugueses preferiram acreditar na lenda de que o rei ainda estava vivo, apenas esperando o momento certo para retomar o trono e livrar Portugal do jugo espanhol.

A lenda perdurou décadas. Não fosse lenda, também os brasileiros poderiam acalentar a esperança de que há um salvador da pátria capaz de livrar o país do jugo da corrupção e da gestão caótica em que o país se está afundado até o pescoço. Não há um dom Sebastião à vista – ou, para ficarmos num terreno menos místico, alguém com perfil de estadista para conduzir o povo para o bom caminho.

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O que temos são figuras gastas, de modo geral pobres de espírito, enroladas em escabrosos casos de corrupção, demagogos, populistas ou, na melhor das hipóteses, gente sem carisma capaz de aglutinar correntes de pensamento, de representar os anseios nacionais de restauração da moralidade e de recolocar o país nas vias do crescimento econômico e social.

Todas as pesquisas de opinião colocam Lula (PT) em primeiro lugar, embora todos saibam de quem se trata e conheçam a herança que deixou. Sempre em segundo lugar, nos calcanhares do primeiro, o deputado Jair Bolsonaro (PEN) – um ser próximo do primitivismo intelectual e comportamental, afeito a valentias militarescas que já se pensava sepultadas. Em todo caso – e aí está a razão do seu sucesso nas pesquisas –, representa segmentos sociais numerosos que acreditam na intervenção militar (tradução mitigada da palavra ditadura) como remédio para vencer a desordem, ainda que à custa da supressão das liberdades democráticas.

Enquanto isso, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), dá-se continuamente a desenvolver processos de puro marketing, mais interessado em aparecer iluminado pelos holofotes com suas estripulias midiáticas do que em propor programas coerentes e consistentes que levem o país a superar os males que o afetam. Vende-se como se vendem sabonetes em propaganda de televisão. Falta-lhe conteúdo, sobra-lhe a superfície colorida das embalagens.

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A Geraldo Alckmin (PSDB), em que pese a experiência como governador de São Paulo já por três gestões, falta o carisma e faltam-lhe opiniões e posições fortes e identificáveis, capazes de servirem como fatores de catalização de correntes sociais inconformadas com o que aí está. Faz jus ao apelido de “picolé de chuchú” e à fama pregada em seu partido, o PSDB, de equilibrista dos muros.

Do mesmo mal sofre Marina Silva (Rede), vítima da própria fragilidade e das próprias contradições – já provadas nas duas eleições presidenciais de que participou. Ao entusiasmo inicial de parcela dos eleitores, sobreveio a decepção por sua falta de conteúdo.

O que dizer de Ciro Gomes (PDT)? As múltiplas demonstrações de desequilíbrio emocional já são suficientes para demonstrar que não estaria à altura de ocupar o mais alto cargo da Nação.

Dentre os que figuram nas listas de pesquisas, encontra-se também o senador paranaense Alvaro Dias (Podemos), ex-governador do estado e talvez o que mais simboliza a ojeriza popular pelos escândalos de roubalheira que assolam o país. Ainda pouco conhecido nacionalmente e detentor de uma esquálida máquina partidária, terá de enfrentar um desafio difícil – o de demonstrar que os insatisfeitos com defeitos de todos podem encontrar nele as qualidades inexistentes nos outros.

Dom Sebastião é mesmo apenas uma lenda.

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