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"Não há candidaturas avulsas nem independentes, as candidaturas são necessariamente partidárias."

Do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, apoiando entendimento do TSE segundo o qual os políticos que mudaram de partido após a eleição podem perder seus mandatos.

Mentes dotadas de fértil imaginação desenvolvem um raciocínio interessante, no mínimo curioso, a respeito da "briga" entre o governador Roberto Requião e o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Rodrigo Rocha Loures. A criatividade desses observadores é tão grande que eles chegam a afirmar que tudo não passa de uma bem montada farsa para que tudo fique do mesmo jeitinho – bom para Requião e melhor para Rocha Loures, velhos aliados.

A "briga" começou quando o presidente da Fiep endereçou carta ao superintendente dos Portos, o primeiro-irmão Eduardo Requião, pedindo-lhe a revogação de medidas adotadas no terminal. Rocha Loures sentiu-se obrigado a tanto em razão de pedidos de sindicatos filiados à Fiep.

Eduardo Requião respondeu com carta malcriada. No que foi apoiado pelo irmão-governador. De aliado, Rocha Loures passou a ser visto como mais um dos inimigos de Requião que, para se vingar, mandou os secretários Virgílio Moreira e Luiz Mussi montarem chapa de oposição para derrotar o presidente da Fiep na próxima eleição, marcada para agosto.

Pronto! Rocha Loures, que temia não ser reeleito em razão de suas ligações umbilicais com o governador, de uma hora para outra desvencilhou-se do seu incômodo apoio. E agora se acha pronto para reconquistar o apoio dos eleitores que, por não gostarem das ligações com Requião, caminhavam para a oposição.

Requião sabe disso e sabe também que manter-se fiel a Rocha Loures é o mesmo que condená-lo à derrota. Por isso continuará fingindo ser adversário, para, lá na frente, reconciliar-se com o "desafeto".

Se, de todo modo, Rocha Loures não se reeleger, o eleito deverá sua vitória a Requião.

É imaginação demais. Mas não custa reproduzi-la.

Educativa, o mau exemplo

A TV Educativa do Paraná foi muito citada ontem durante audiência que a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Federal convocou para ouvir do ministro das Comunicações, Hélio Costa, explicações sobre o projeto de criação da tevê estatal. A congênere paranaense foi mostrada como exemplo pronto e acabado de como não deve ser a tevê do governo federal.

Um dos críticos foi o deputado Eduardo Sciarra (vice-presidente nacional Democrata), que desfilou para Hélio Costa o festival de distorções observado na tevê do Paraná, cuja programação já não serve aos propósitos educativos: ocupa-se da promoção pessoal do governador e de ataques a seus adversários.

Diplomaticamente, Hélio Costa ouviu, não teceu comentários diretos, mas garantiu que a projetada emissora federal será diferente disso tudo. Por via das dúvidas, os deputados ainda querem ouvir o secretário-geral da Presidência, ministro Luiz Dulci, a quem caberá definir o conteúdo.

Olho vivo

Água mais cara 1 – O diretor financeiro da Sanepar, Hudson Calefe, está preocupado com o combalido caixa da empresa. E quer para já o reajuste das tarifas de água e esgoto, congeladas por Requião há mais de dois anos. Sem o reajuste, a empresa naufraga – muito embora pudesse safar-se por mais algum tempo se recebesse os R$ 30 milhões devidos por órgãos do próprio estado, que há tempos não pagam pelo consumo. Além de outros R$ 25 milhões retirados da Sanepar no fim do ano passado para pagar o 13.º salário do quadro geral do estado.

Água mais cara 2 – Também não se fala em cobrar da Assembléia Legislativa os R$ 3 milhões relativos ao pagamento de salário para funcionários cedidos pela Sanepar aos deputados. Enquanto isso, a diretoria baixa ordens internas para diminuir o gasto com cafezinho, assinaturas de jornais, celulares corporativos, clipes e papel de carta...

Água mais cara 3 – Para o novo presidente do Conselho, Pedro Henrique Xavier, essas ações pontuais têm pouco efeito. O importante é mudar radicalmente a atuação da empresa, evitando, por exemplo, pagar reequilíbrios indevidos para empreiteiras com as quais mantém contratos. Um caso é o da construtora Itaú, que requer R$ 14,5 milhões por conta de "serviços extras". O conselheiro Nestor Bueno também é a favor desta tese, mas nega ter afirmado que o caso Itaú possa vir a tornar-se uma reprodução do problema Pavibrás.

A tiracolo – Embora não tenha comparecido anteontem ao ato de inauguração da unidade municipal de saúde "Wallace de Mello e Silva" – a maior de Curitiba – o secretário estadual da Saúde, Cláudio Xavier, esteve lá ontem, levando a tiracolo uma equipe da TV Educativa. Às cameras, informou que o governo estadual contribuiu com R$ 2,8 milhões para a construção, mas não fez referência aos R$ 2,5 milhões que a prefeitura vai gastar anualmente com a manutenção.

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