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Celso Nascimento

Não há “lei de Gerson”, diz Paulo Bernardo

O que Osmar Dias pode ganhar fazendo aliança com o PT, Lula e Dilma Rousseff? Esta pergunta foi deixada no final do comentário de ontem desta coluna. Rápido no gatilho, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, um dos articuladores dessa união, respondeu com outra pergunta: "Se não fizer aliança conosco, Osmar vai fazer com quem? Sem o PSDB e contando só com o PDT, aí é que ele não ganha nada mesmo", afirmou, convicto de que Lula e a militância petista farão a grande diferença na eleição de 2010 no Paraná.

Segundo Bernardo, nem Lula nem o PT pensam em aplicar a Osmar Dias a "lei de Gerson" – isto é, não pretendem levar vantagem em tudo. Ao contrário, argumenta, o PT tem eleitorado próprio no Paraná e que não é o público que, normalmente, votaria no senador. Lembra, por exemplo, que, em 2002, o candidato petista ao governo, Padre Roque, fez 16% dos votos; em 2006, Flávio Arns, quase emplacou 10%. Em 2008, concorrendo à prefeitura de Curitiba, apesar do rolo compressor da prefeitura, Gleisi Hoffmann chegou perto dos 20%, enquanto que o candidato do PMDB, lançado por Requião, ficou com menos de 2%.

Sobre o apoio de Lula a Osmar Dias, o ministro diz que ele pode ser decisivo. "É bom lembrar que Requião só foi reeleito governador em 2006 graças ao apoio do presidente na reta final da campanha. Foi o comício da véspera, na Boca Maldita, ao qual Requião nem esteve presente, que garantiu a pequena vantagem com que derrotou Osmar."

O ministro diz não ter dúvidas de que se não fosse o engajamento de Lula, o governador do Paraná hoje seria Osmar Dias, que perdeu votos por ter apoiado o tucano Geraldo Alckmin. Foi isso, na sua opinião, que obrigou Lula e o PT a se definirem por Requião no segundo turno, apesar da resistência de alguns dirigentes regionais.

Paulo Bernardo concorda que a coligação vai beneficiar Dilma no Paraná, mas que há contrapartida em favor de Osmar Dias. Uma das vantagens que terá será a ampliação do horário gratuito de televisão: o PT dispõe do segundo maior tempo. Além disso, se Osmar Dias não tiver em torno de si uma grande frente partidária, terá dificuldades até para viabilizar a candidatura ao governo e se arrisca a ter de se contentar em disputar outra vez uma cadeira no Senado.

Requião, Alvaro e um cupido

Enquanto o PT e Osmar Dias prosseguem o namoro explícito em que se envolveram, um cupido joga flechas para unir os corações de Requião e Alvaro Dias. O cupido é Eduardo Requião, chefe do escritório do Paraná em Brasília, que, numa quinta-feira, quando quase todos os deputados já voltaram para o Paraná, promove uma reunião da bancada paranaense. A pretexto de degustarem pratos da pobre culinária paranaense, um almoço proporcionará cordial encontro entre o governador e o senador.

Faz parte de uma estratégia que pode servir a um e a outro. Cada vez mais irritado com atitudes do seu vice, Orlando Pessuti (que, vejam só, não compareceu à escolinha da última terça-feira), Requião tem dado sinais cada vez mais evidentes de que lhe interessa noivar com Alvaro Dias. Alvaro tem boa aceitação no PMDB e, além disso, pode dar a Requião a vitória estupenda na eleição para o Senado, em vez de ter de carregar a frágil candidatura de Pessuti.

O noivado pode interessar também para Alvaro. Ao trazer o PMDB para o seu lado, mata vários coelhos com uma só cajadada: fortalece-se junto ao próprio partido, o PSDB, e enfraquece a pretensão de Beto Richa de sair candidato; agrada ao presidenciável José Serra, que briga pelo apoio peemedebista; e, para completar, tira do páreo (por questões familiares) o irmão Osmar Dias. Isso tudo tem sabor de mel para os tucanos lá de cima.

Alvaro, no entanto, desconversa. "Vou ao almoço porque só viajo à noite e porque fui convidado como membro da bancada. Fazer acerto político em torno de um prato de barreado não é a melhor opção nem o melhor lugar."

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