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Olho vivo

Palmas 1

A sessão de ontem da Assembleia Legislativa – a primeira rotineira da nova Legislatura – foi ocupada por vibrantes discursos de apoio às medidas tomadas pelo presidente Valdir Rossoni. Não houve deputado que contestasse qualquer de seus atos. Pelo contrário, os parlamentares mostraram-se escandalizados com o que acontecia sob seus narizes durante tanto tempo – coisas como altos salários de funcionários, escutas telefônicas e ambientais, o poder paralelo da segurança...

Palmas 2

O único que levantou olhares medianamente críticos foi o petista Tadeu Veneri. Em tom de desafio, ele afirmou que a tarefa de Rossoni só se cumprirá realmente se os responsáveis por tudo o que acontecia lá forem responsabilizados.

Há dois candidatos virtuais à prefeitura de Curitiba na eleição de 2012. Eles têm nome e sobrenome. Um deles é Luciano Ducci, que atualmente cumpre os três anos finais do segundo mandato de Beto Richa, de quem era o vice. O outro é Gustavo Fruet, ex-deputado federal por três mandatos e que, na eleição do ano passado, embora tenha perdido por pouco a vaga de senador que disputou, foi o mais votado dos candidatos na capital.Ducci e Fruet são de partidos diferentes. O primeiro, do PSB; o segundo, do PSDB. Mas há entre eles pelo menos dois pontos de união: suas legendas são aliadas no Paraná e ambos pertencem ao grupo político do governador Beto Richa. Portanto, enquanto não surgirem outros candidatos viáveis de outras agremiações, a briga que se desenrola pela prefeitura de Curitiba é ainda intestina.

Essa "briga" já está acontecendo, dois anos antes da eleição. Por enquanto, as armas de maior calibre estão nas mãos de Luciano Ducci. A principal é o comando municipal, político e administrativo que ele já detém. Tem aliados espalhados nas secretarias e órgãos estratégicos, assim como nos menores escaninhos da prefeitura. Vice-prefeito duas vezes, secretário da Saúde e tocador de obras nos últimos meses da gestão de Richa, conhece muito bem a máquina e pode tirar disso bom proveito eleitoral. Em tese, seria também o candidato de coração do governador.

Além disso tudo, embora lidere o PSB, Ducci estende seu poderio político ao PSDB, graças à ambição do vereador João Cláudio Derosso, presidente da Câmara e do PSDB curitibanos. Derosso quer ser o vice na chapa de Ducci e, em nome desse projeto, tornou-se um dos principais operadores para viabilizar a reeleição. É ele o encarregado de cumprir duas importantes tarefas.

Uma delas é ampliar o leque de apoio a Luciano Ducci, buscando o compromisso sólido da maioria dos vereadores com a candidatura. Ao mesmo tempo, cabala a adesão de outros partidos, de forma a – quando 2012 chegar – já estar pronta, consolidada e azeitada uma coligação invencível. Como consequência, estaria cumprido outro trabalho de Hércules a que Derosso se propôs: não deixar espaço para Gustavo Fruet participar do jogo.

Excesso de votos atrapalha Gustavo Fruet

Fruet já recebeu o recado com quase todas as letras: foi-lhe oferecido um cargo no secretariado municipal e a promessa de que poderia, até, indicar outro nome para a vaga de vice que, por enquanto, pertence a Derosso. De preferência que indicasse a irmã, Eleonora Fruet. Com isso, ficaria fora da disputa com Luciano Ducci. Em troca receberia apoio total para se lançar outra vez candidato a senador, em 2014.

Gustavo, por enquanto, nada responde; apenas observa o cenário. E até sorriu quando o diretório municipal do PV resistiu à cooptação que estava sendo promovida por Derosso. Em troca do apoio, alguns "verdes sem voto" ganhariam cargos na administração municipal (falou-se, até, na criação de uma certa Secretaria da Sustentabilidade). Mas os "verdes com votos" (os deputados Rosane Ferreira e Roberto Accioli à frente) mantiveram o partido em posição de independência por 11 votos a 5.

Isto não significa que Gustavo Fruet conte com o prévio apoio do PV. Por enquanto, faz uso da única arma que lhe restou desde que perdeu o mandato de deputado: a indiscutível e reconhecida força junto ao eleitorado curitibano.

Três vezes deputado federal com recordes de votação, foi da capital que saíram sempre praticamente 80% dos seus votos, em média. Na eleição para o Senado, em outubro, foi o primeiro colocado, com quase 650 mil votos (Beto, candidato a governador, fez 670 mil).

Tanto voto, porém, não lhe dá certeza de que será candidato. Pelo contrário, parodaxalmente, este é o mais poderoso fator a atrapalhá-lo.

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