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Olho vivo

Erro

Por acreditarem que o juiz que autorizou a prefeitura a dar sobrevida de um ano ao aterro da Caximba foi induzido a erro, a associação de moradores do bairro vai entrar nesta semana com recurso para que a decisão seja revogada. Segundo a associação, o juiz Marcel Rotoli de Macedo, da 1.ª Vara da Fazenda, não foi esclarecido de que a apenas 200 metros da parte do aterro que será reativada existem hoje creches, postos de saúde e residências. Legalmente, áreas habitadas devem ser protegidas por distâncias mínimas de meio quilômetro.

Incentivos

O deputado Reni Pereira lança hoje o primeiro livro da carreira de escritor que pretende seguir daqui para a frente. Trata-se do "Responsabilidade social e incentivos fiscais", obra que ensina as empresas a utilizar-se da legislação de incentivos, culturais ou sociais (Lei Rouanet, por exemplo), para usufruir de benefícios tributários. Os autógrafos acontecerão às 18h30 no salão nobre da Assembleia.

Não é dono

O governador Roberto Requião não é dono do fundo pensão da Copel, mas os empregados da empresa. É isto o que diz uma nota assinada pelos sindicatos que congregam os trabalhadores da estatal em protesto contra a exigência de Requião para que o presidente do fundo, Edilson Bertholdo, seja demitido do cargo. Segundo o governador, Bertholdo não obedeceu à ordem de facilitar a aquisição do Porto Ponta do Félix pela Appa.

A sabedoria popular ensina que dois raios nunca caem no mesmo lugar. Mas dois raios podem cair no mesmíssimo instante em lugares distantes para causar uma única catástrofe?

Segundo o presidente Lula, só Deus pode evitar um novo apagão no Brasil. Parece ser o caso, pois só mesmo Deus poderia produzir o blecaute da última terça-feira se tivesse ordenado a São Pedro – outro ente celestial invocado pelo presidente nesses dias – que despachasse raios simultâneos sobre linhas de transmissão situadas a quilômetros de distância uma da outra.

Essas dúvidas de contornos sobrenaturais afligem a alma de um antigo e muito experiente engenheiro da hidrelétrica de Itaipu – hoje aposentado, mas sempre atento ao que acontece no setor elétrico. Aí vai, entre aspas, a didática explicação do inexplicável nas palavras do ve­­lho técnico:

"O sistema de distribuição de Itaipu, operado por Furnas, possui duas linhas: uma de corrente alternada e outra de corrente continua. Essas linhas não correm paralelamente, mas se encontram na subestação de Itaberá (SP), onde a corrente contínua é transformada em alternada."

"Às 22h13 da última terça- feira, quando ocorreu o apagão, Itaipu enviava por essas linhas 10.900 megawatts de um total de 48.000 megawatts que o país consumia naquele momento. O apagão não só tirou Itaipu do sistema elétrico (os 10.900 MW), mas outras usinas, porque o total que deixou de ser gerado foi de 28.000 MW."

"Nunca antes na história de Itaipu, 18 máquinas (são 20, mas duas, alternadamente, estão sempre em manutenção) 'caíram', como se diz na linguagem dos engenheiros-elétricos."

"O governo insiste em dizer que o apagão 'está superado' (ministro Lobão) ou que é assunto 'encerrado' (ministra Dilma). Não, não é."

"Para as 18 máquinas de Itaipu 'caírem' é necessário que tanto a linha em corrente alternada como a em corrente contínua sejam interrompidas. Mas se elas não correm lado a lado os mais de mil quilômetros entre Foz do Iguaçu e Itaberá, se a subestação dessa cidade não mostrou sinais de acidentes, dois raios teriam caído exatamente às 22h13 de terça-feira sobre cada uma das duas linhas, distante quilômetros uma da outra?"

"Para se compreender melhor: a linha de corrente alternada está 'ligada' a 10 turbinas da usina no lado brasileiro. As outras dez estão na corrente contínua (lado paraguaio). Como o sistema paraguaio funciona em corrente contínua, nas negociações de Itaipu, o presidente Geisel chegou a oferecer uma esquadrilha de aviões Xavante para os paraguaios aceitarem que toda a usina funcionasse em corrente alternada. Não aceitaram. O Brasil então fez as duas linhas."

"O sistema brasileiro é todo em alternada (olhando-se ao longe, de noite, aquele leve pisca-pisca das luzes identificam esse sistema). Se apenas uma delas tivesse 'caído', a outra seguraria nove máquinas gerando energia."

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Conclusão do engenheiro: se Deus ou São Pedro não explicarem a causa do apagão, os humanos de Itaipu ou de Furnas têm a obrigação de fazê-lo o quanto antes. Não é assunto superado ou encerrado como querem os ministros. Caso contrário, mais apagões podem acontecer de uma hora para outra.

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