Completou-se ontem o caxangá promovido pelo governador Beto Richa: o ex-ouvidor-geral Cid Vasques assumiu a secretaria de Segurança Pública e o ex-secretário de Segurança Pública Almeida Cesar assumiu a Ouvidoria Geral. Embora o troca-troca lembre a cantiga infantil "Escravos de Jó", cujos versos se referem a um jogo de "tira, bota e deixa ficar" entre guerreiros que fazem "zigue zigue za", a mudança talvez vá além da explicação que foi dada.
Segundo a versão palaciana, a inversão dos fatores foi para alterar o produto: o governador estaria insatisfeito com a "lentidão" das medidas de combate à criminalidade na área da Segurança. Mas há também quem interprete a troca como resultado de um embate surdo entre Almeida Cesar e a secretária da Justiça, Maria Tereza Uille responsável pelo sistema carcerário aborrecida com a falta de apoio da secretaria de Segurança principalmente quanto à guarda das penitenciárias e escolta de presos.
A troca de secretários, porém, deverá ser analisada também sob o prisma do motivo alegado para que o antecessor de Vasques tenha perdido o cargo isto é, sua suposta lentidão na tomada de providências para reduzir os índices de criminalidade. Nada, porém, vai mudar na política de segurança pública do estado o que significa que do novo secretário só se espera mesmo é mais agilidade. Coragem não lhe falta.
Contra a aposentadoria
Colega e amigo de Maria Tereza Uille, o promotor Cid Vasques, duas vezes prestigiado por Beto Richa primeiro, com a nomeação para Ouvidor no início da gestão e, agora, pela promoção a secretário da Segurança notabilizou-se em 2010 por sua luta contra a aposentadoria de ex-governadores. Entretanto, Richa e Vasques não pensam igual sobre um assunto polêmico: aposentadoria de ex-governadores.
Há dois anos, Vasques chegou a entrar em choque com seu chefe, o então procurador-geral de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto, exigindo dele providências mais rápidas do Ministério Público no sentido de buscar a declaração de inconstitucionalidade do artigo 85 da Constituição Estadual que prevê a benesse da aposentadoria vitalícia de ex-governadores, quer tenham exercido seus mandatos antes ou depois da promulgação da Constituição Federal de 1988. A derrubada deste artigo acabaria também com sua consequência: a pensão para viúvas de governadores.
Beto Richa concorda com Vasques apenas parcialmente. Governadores anteriores a 1988 mantiveram o direito adquirido à aposentadoria, assim como suas viúvas, à pensão, diz o parecer que o governador encomendou à Procuradoria Geral do Estado no ano passado e por ele acatado.



