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Batido o martelo ontem à tarde: o ministro Paulo Bernardo recebeu do presidente Lula o apelo que, por fidelidade ao presidente, não poderia recusar: vai continuar no Ministério do Planejamento até o fim do governo. Especulações de que substituiria Dilma Rousseff na Casa Civil foram desfeitas, assim como abandonada a hipótese de que se demitiria do cargo para candidatar-se a deputado federal pelo PT.

O próprio ministro, que antecipou esta notícia ontem à coluna, reproduz a explicação que Lula lhe deu para pedir-lhe a permanência: "Em time que está ganhando não se mexe", foram as palavras textuais e iniciais do presidente a Bernardo. Mais do que isso, o "fico" do ministro quer simbolizar parte da estratégia do governo para manter a opinião pública a seu favor neste ano de eleições: Lula quer sinalizar para a opinião pública que não haverá mudanças na política econômica do governo, conduzida em grande parte por Paulo Bernardo e que é um dos motivos da popularidade do governo — moeda estável combinada com crescimento, manutenção de investimentos etc.

No fundo, o presidente Lula, não mexendo no Planejamento e nem em outras áreas da equipe econômica, pretende sinalizar que continua em vigor a "Carta ao Povo Brasileiro" – documento pelo qual, na eleição de 2002, conseguiu exorcizar os temores de que, vindo da esquerda, estaria disposto a mudar radicalmente a política econômica que vinha desde o governo FHC. A carta teve papel fundamental na derrota que Lula impôs a José Serra naquela eleição e que, cumprida quase integralmente, o ajudou a vencer também Geraldo Alckmin (PSDB) no pleito seguinte, em 2006.

Qualquer mudança mais profunda na equipe econômica poderia causar abalos na confiança no governo e provocar abalos na candidatura de Dilma Rousseff em segmentos sociais, especialmente o empresariado, que teme a possilidade de a ministra, se vencer a eleição, promover mudanças que contradigam os compromissos da Carta ao Povo Brasileiro.

Vice

Mais uma vez, o ministro Paulo Bernardo rechaçou o movimento do PDT paranaense que pretende fazer de sua mulher, Gleisi Hoffmann, candidata a vice em composição com Osmar Dias. Ela disputará mesmo o Senado. O vice poderá ser ecolhido entre outros nomes do próprio PT ou – ele não chega a desconsiderar a ideia – de alguém do PMDB.

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Olho vivo

Juízo 1

Se Beto Richa for o escolhido como candidato tucano ao governo do estado, o PPS não descarta a hipótese de lançar um candidato próprio – no caso, Rubens Bueno, o presidente regional da legenda e seu secretário-geral nacional. A hipótese foi lançada por ele mesmo em entrevista à rádio CBN ontem. Na sua opinião, seu partido entende que o que deve prevalecer é o projeto de eleger Serra presidente. O PPS, aliado nacional do presidenciável tucano, não abre mão desse compromisso.

Juízo 2

Por isso, para que o Paraná ajude a dar a vitória a Serra, seria fundamental manter a aliança partidária que uniu Osmar Dias e Beto Richa em 2006 e 2008. "Não é uma eleição solteira. É casada com a candidatura à Presidência, senadores, deputados estaduais e federais", afirmou Bueno. Por isso os partidos da coligação "devem deixar os interesses particulares e priorizar o interesse geral", salienta.

Juízo 3

E deu a entender de que se amanhã o PSDB anunciar a candidatura de Beto Richa – o que coloca Osmar Dias no campo oposto e racha de vez a antiga aliança entre PSDB, PDT, DEM e PP – o PPS "poderá retomar internamente suas discussão para um novo processo de candidatura própria." Diplomaticamente, porém, diz que continua aguardando esta aliança com entusiasmo. Para completar: "Pedimos juízo para encontrarmos uma situação ideal".

Juízo 4

Rubens Bueno não foi explícito. Não deu nome a quem precisa ter mais juízo – mas é possível fazer ilações. Ora, se a aliança se mantiver, assim como os compromissos que firmou há quatro anos de ter Osmar Dias como seu candidato, o endereço do recado é o Palácio 29 de Março, sede do governo municipal. Não se sabe se ele já mandou telegrama para lá. O CEP é 80530-908.

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