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Olho vivo

Desconto 1

"Tem um ou outro deputado dentro da Assembleia que conspira contra, mas lá fora diz que é a favor, porque sabe que a população está apoiando as medidas. Temos que inibir atitudes como essa." O lamento é do presidente da Assembleia, deputado Valdir Rossoni, ainda incomodado com uma surda campanha interna de protesto contra o desconto de salário de parlamentares ausentes, sem justificativa plausível, das sessões de votação.

Desconto 2

A medida foi considerada legal somente ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas antes já vinha sendo aplicada. Graças a ela, a média de comparecimento tem sido sempre superior a 45 deputados.

Atrás de um grande homem sempre há uma grande mulher. A nenhuma outra situação se aplica tão bem este ditado quanto à protagonizada ontem por Fernanda, mulher do governador Beto Richa e secretária estadual da Família e Ação Social. Enquanto o marido titubeia há dois meses em anunciar ao distinto público o nome do candidato de sua preferência à prefeitura de Curitiba, Fernanda aproveitou o vácuo para matar dois coelhos ao mesmo tempo: não só apoia a reeleição de Luciano Ducci como gostaria de ser a vice de sua chapa.

Diante da hipótese de que Richa não ousaria nunca contrariar a mãe de seus filhos, tem-se que a declaração de Fernanda lhe serviu, cumulativamente, para se livrar também de dois pesos. O primeiro, de ter de decidir; o segundo, de ter de comunicar ao amigo, correligionário, companheiro de partido e de muitas campanhas, Gustavo Fruet, de que o PSDB renunciará à prerrogativa de tê-lo como candidato próprio para apoiar o do PSB.

Não é improvável que a "despedida" de Fruet do PSDB se dê amanhã. Ele e Beto têm reunião marcada para colocar sobre a mesa todas as suas fichas e encerrar a partida. Também não é improvável – conhecendo-se o educado temperamento de ambos – que a dupla agonia se prolongue por mais tempo. Ou não, diriam dois tucanos quando se encontram.

Mas é tempo o fator que mais angustia Gustavo Fruet. Ele sabe que, independentemente de quem esteja no comando do PSDB, é a escolha de Richa que vai prevalecer. Então, mais importante do que quaisquer outras conversas paralelas, lhe é mais importante ouvir a palavra do governador. Quanto mais tarde Richa decidir, mais difícil e mais urgente para Fruet se tornará a definição do caminho a seguir.

Do alto das grandes votações que tradicionalmente obtém em Curitiba, Gustavo tem consciência de que é o candidato que, no quadro atual, detém as melhores condições para se eleger. Portanto, não encontra razões para retirar seu nome da disputa. Mas tem um problema: se não dá pelo próprio partido, terá de filiar-se a outro. O prazo legal para fazê-lo sem se tornar inelegível é 30 de setembro.

Parece tempo grande o suficiente – mas não para quem precisa compensar a perda de um partido grande com a escolha de um menor e com a montagem de uma grande aliança que lhe dê, no mínimo, razoável tempo de televisão.

Quanto custa o nada?

Quanto custa o nada? Pelos cálculos da procuradora-geral da prefeitura de Curitiba, Claudine Bettes, o nada custa precisamente R$ 11,4 milhões – nem mais nem menos. É o tanto que o município está disposto a pagar para a Consilux em razão do rompimento do contrato de aluguel de equipamentos e prestação do serviço de gerenciamento dos radares de trânsito da cidade.

Este valor corresponde aos próximos 12 meses que faltam para o término do contrato – cujo pagamento seria feito em parcelas de menos de R$ 1 milhão por mês. Nesse preço não estão incluídos softwares e equipamentos, conforme também declarações da procuradora publicadas ontem.

Excelente negócio para a Consilux: receberá à vista o que só entraria no seu caixa em 12 meses, com a vantagem de não precisar prestar nenhum tipo de serviço. Lucro líquido, ao qual pode ser ainda adicionada a transferência da parafernália que lhe pertence para usuários com os quais mantém (ou manterá) contratos.

Já a prefeitura, além de antecipar os R$ 11,4 milhões, gastará sabe-se quanto mais para recompor o sistema. Diz a Urbs que, com dez radares móveis próprios, daria conta do recado. Ora, então por que, durante tanto tempo, a prefeitura pagou tão caro por dezenas de radares desnecessários?

A Câmara Municipal poderia ajudar a desvendar esses mistérios. E, talvez, ajudar também a prefeitura a não empregar no nada a grana do contribuinte. Ao contrário, se o contrato foi rompido porque – segundo se justificou – a empresa se tornou suspeita de práticas ilegais, mais importante seria comprovar as ilegalidades e fazer exatamente o contrário – isto é, cobrar da Consilux a devida indenização.

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