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Celso Nascimento

O lixo todo pelas beiradas

Ainda enrolada pelas impugnações que tramitam no Tribunal de Contas, a licitação para a coleta de lixo de Curitiba acaba de ser sacudida por uma novidade – a empresa Cavo, principal concorrente, que disputava o direito de continuar prestando o serviço que já mantém há 16 anos, foi comprada por outra grande empresa do setor, a Estre Ambiental, por R$ 610 milhões, segundo revela o jornal Valor Econômico, de São Paulo.

A Estre não está entre os inscritos na licitação, mas o milionário negócio pelo qual assumiu o controle da outra não impede a continuidade normal do processo de concorrência, que, em princípio, deveria ser encerrado no início de abril, quando vence (após vários aditivos) o contrato com a Cavo.

Se a Cavo era a "dona" quase absoluta do lixo curitibano – pois além de coletar cerca de 2 mil toneladas/dia, administrava também o finado Aterro da Ca­­ximba – deve passar agora o bastão para a Estre, desde que, claro, se confirme a seu favor o previsível resultado da nova licitação.

Com isso, a Estre dá mais um passo para alcançar a virtual exclusividade de todo o sistema de coleta, tratamento e destinação do lixo urbano de Curitiba – quiçá, em futuro próximo, de 18 outros municípios metropolitanos.

A empresa paulista, com braços que se estendem por vários estados e também à Argentina, já mantém contrato com a prefeitura de Curitiba desde novembro passado, quando, em caráter emergencial, passou a receber no aterro sanitário que construiu em Fazenda Rio Grande a quase totalidade de 2,5 mil toneladas de lixo que até então eram depositadas diariamente no condenado Aterro da Caximba. Pelo serviço, cobra da prefeitura R$ 46,70 por tonelada.

Agora, se após a licitação assumir em nome da Cavo também a coleta, acrescentará à sua receita mais de R$ 600 milhões pelo tempo previsto de duração do contrato, de cinco anos. Prorrogáveis, claro, por mais cinco.

Se continuar nessa marcha, comendo pelas beiradas, não se poderá descartar a hipótese de a joia da coroa do lixo metropolitano acabar parando também nas mãos da Estre. Trata-se do Sipar, a indústria de reciclagem que Curitiba, em consórcio com outros 18 municípios, tenta licitar desde 2007. A licitação encontra-se nesse momento suspensa. A Estre não participa, mas a Cavo, sim.

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