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Faltava um único movimento no tabuleiro das eleições para a prefeitura de Curitiba de 2012 para que fosse declarado o xeque-mate na pretensão do ex-deputado Gustavo Fruet de ser o candidato do PSDB. Não falta mais: o governador Beto Richa se encarregou de deslocar a peça fatal ao declarar à Gazeta do Povo ser contrário à intervenção no diretório municipal tucano.

Sendo contra tal intervenção sob o argumento de que prefere unir seu grupo político, sem causar traumas, Beto desautoriza o presidente estadual da legenda, deputado Valdir Rossoni, que brigava pelo lançamento de Gustado Fruet como candidato próprio, e libera o presidente municipal, verea­dor João Cláudio Derosso, para levar o tucanato curitibano a apoiar candidato de outro partido – no caso, o atual prefeito, Luciano Ducci, do PSB.

Sucessivos comentários publicados nesta coluna ao longo dos últimos 30 dias prenunciavam tal desfecho. Já era evidente desde janeiro a articulação que, em conjunto, fazem o prefeito Luciano Ducci e o verea­dor João Cláudio Derosso na montagem de uma grande aliança que, além de seus respectivos partidos (PSB e PSDB), incluiria legendas menores.

O presidente estadual tucano, deputado Valdir Rossoni, percebendo tais movimentos, chegou a anunciar que, em vez de eleição para renovar o diretório municipal de Curitiba, nomearia uma comissão provisória. Com tal medida, tiraria o partido das mãos de Derosso e o entregaria ao grupo simpático a Gustavo Fruet, pois reconduzir Derosso equivaleria automaticamente a entregar o PSDB a Ducci.

Peitada

Certamente já contando com o beneplácito de Richa, Derosso "peitou" Rossoni e manteve, na semana passada, a eleição dos delegados zonais – todos do seu grupo – que, por sua vez, serão seus eleitores na convenção marcada para o dia 20 próximo. É tudo de que precisa agora para se manter no comando tucano.

Agora, a menos que o deputado Rossoni decida também "peitar" Richa – atitude 99% improvável – ou que a direção nacional do PSDB resolva em sentido contrário, já se considera que Gustavo Fruet perdeu a chance de ser o candidato próprio dos tucanos. Se mantiver o projeto de disputar a prefeitura, terá de mudar de partido.

Novo partido pode atrair Beto Richa

Por falar em mudar de partido, a decisão de Beto Richa de facilitar a consolidação de Ducci como candidato apoiado pelo PSDB em detrimento de um postulante do próprio partido seria mais um sintoma a alimentar especulação que se faz em alguns círculos políticos: a de que o governador vê com bons olhos a criação do PDB (Partido da Democracia Brasileira) e que não afastaria a hipótese de se filiar a ele.

A criação do PDB está sendo liderada em nível nacional pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e pelo ex-senador catarinense Jorge Bornhausen (DEM) em "combinação" com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileir (PSB). O objetivo do PDB é abrigar os descontentes do enfraquecido DEM e de outros que se encontram na mesma situação em seus respectivos partidos, sem impor-lhes o risco da perda de mandato. A legislação não prevê essa pena para quem sai de uma legenda para criar outra.

O PDB seria, no entanto, apenas um partido de "passagem", pois seu futuro é fundir-se com o PSB, legenda presidida com mão de ferro pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e que faz parte da base do governo federal. Fusão de partidos também não resulta em perda de mandato para ninguém.

Se tudo der certo, tal fusão dará ao PSB a posição de segunda ou terceira maior força partidária do país, rivalizando em poder e cargos com o PMDB. Ser governador de estado filiado ao agigantado PSB poderá, portanto, garantir benesses federais – sobretudo a um estado endividado ou em dificuldades tão grandes quanto, por exemplo, se encontra o Paraná que Richa encontrou. Seria esta a força que atrairia o governador para o PDB e, em seguida, para o PSB.

Ora, Luciano Ducci já é, há muito tempo, do PSB e sempre foi aliado de Richa, ajudando-o a se eleger duas vezes prefeito e uma vez a governador. Logo, nada mais natural, para quem enxerga sob este prisma, a visível simpatia com que o governador abençoa o apoio do PSDB para reeleger Ducci.

Mas isso tudo é pura especulação – coisa normal na política brasileira, feita mais de oportunidades e de jogos de poder do que de ideologia e programas.

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