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Celso Nascimento

O metrô curitibano já está ficando mais curto

Antes de viajar para o Oriente Médio, o prefeito Beto Richa cantou a música de grande sucesso que marcou a carreira de Roberto Carlos nos tempos da Jovem Guarda: "Eu quero o metrô e que tudo mais vá pro inferno." Os técnicos do Ippuc e de outras áreas da prefeitura já começaram a dançar nesse ritmo e transmitem às autoridades federais que, de todas as obras listadas para fazer parte dos preparativos para a Copa do Mundo – o PAC da Copa –, a única que realmente interessa é a do metrô – e nem que seja só um pedacinho dele.

No fundo, a nova atitude do prefeito retrata o reconhecimento de uma realidade econômico-financeira e a necessidade política de aparecer como autor da mais vistosa obra que Curitiba já viu nas últimas três décadas.

As negociações com o governo federal passaram a andar em ritmo mais acelerado nas últimas semanas. Já foi dado o recado de que obras menores, como o novo paisagismo da Avenida Cândido de Abreu ou a melhoria dos acessos à Rodoferroviária, serão bancadas com recursos da própria prefeitura. As­­­sim, o PAC da Copa, que não tem dinheiro pra tudo, não precisaria despender energia ou verbas com elas.

Em compensação, o prefeito quer maior empenho federal para viabilizar o metrô. Para tanto, já oferece facilidades e faz concessões. A primeira concessão foi reconhecer ser impossível concluir o primeiro trecho projetado – 13 quilômetros de trilhos ligando o Pinheirinho ao centro – até 2014. Já ficará de bom tamanho se forem liberados financiamentos para um trechinho que englobará apenas as três primeiras estações, do centro em direção ao bairro, passando pela Arena da Bai­­­xada.

Outra concessão importante: o prefeito Beto Richa está desistindo de pegar dinheiro do orçamento federal a fundo perdido. Ao contrário, vem se mostrando disposto a pagar por uma linha de financiamento a juros mais baixos. Uma opção é convencer as autoridades federais a liberar recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que gerencia os depósitos do FGTS e financia obras de infraestrutura.

Menos mal: dificilmente o Tesouro teria como bancar 50% da obra com verbas orçamentárias, como previa inicialmente a proposta curitibana.

Uma terceira concessão: Richa mandou avisar que a prefeitura está preparada para ser a gestora da operação do novo modal. Nas tratativas iniciais havia algo com que o governo federal não concordava – isto é, que o metrô, depois de pronto, fosse gerido pelos grupos privados com os quais fossem firmadas parcerias.

E agora a quarta e mais im­­­portante das concessões já transmitidas a Brasília: a prefeitura de Curitiba está disposta também a subsidiar o preço do transporte. Como se sabe, o custo do metrô, transformado em tarifa, será mais que o dobro do atual sistema de ônibus. Alguém tem de pagar essa diferença: se não for o passageiro (coisa inviável), seria o governo federal (que não quer) ou a prefeitura.

Vencidas estas questões, desde que devidamente oficializadas, o governo federal começará a ver com mais boa vontade o projeto do metrô curitibano – que até agora não passava apenas uma cara bandeira a ser agitada nos palanques eleitorais.

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