O novato PSD, partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e por ele definido como uma agremiação que não seria nem de direita, nem de esquerda, nem de centro, acabou sendo o protagonista mais barulhento das definições finais em torno da disputa pela prefeitura de Curitiba. Premiado na véspera por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe reconheceu o direito a 2,5 minutos na propaganda eleitoral gratuita, o PSD passou a ser imediatamente cobiçado por três dos principais candidatos à prefeitura de Curitiba.
Além do tempo na televisão que o PSD teria a oferecer a qualquer deles, a cobiça maior, na verdade, atende pelo nome de Ney Leprevost deputado estadual eleito pelo PP com a maior votação em Curitiba (60 mil votos em 2010), capaz de acrescentar prestígio e carrear votos a quem ele decidir apoiar.
O candidato do PSC, Ratinho Jr., esperou até o último minuto para conseguir coligar-se com o PSD e ter Leprevost como seu vice. Luciano Ducci, em jogada conjunta com o governador Beto Richa, ofereceu-lhe secretarias municipais e estaduais. Gustavo Fruet, do PDT, acenava-lhe com futuro político promissor, inclusive no plano federal, caso conseguisse sua adesão.
Leprevost resistiu a todas as tentações. Presidente do diretório municipal do PSD, não pôde demover o presidente do estadual, deputado Eduardo Sciarra, da intenção de entregar o partido à aliança com Ducci mas conseguiu aprovar e registrar em ata uma decisão que esvazia grande parte da coligação com o PSB. A decisão foi no sentido de deixar os militantes da legenda livres para apoiar quem bem entendessem. Claro, isto inclui o próprio Leprevost que continuou sendo o mais valorizado objeto de desejo dos mesmos três principais candidatos.
O deputado se nega a falar com a imprensa e não dá pistas de suas intenções. Sabe-se, porém, de sua insatisfação com o grupo liderado por Beto Richa, que o alijou da vice de Luciano e colocou Rubens Bueno (PPS) em seu lugar. Segundo fontes próximas a ambos, o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, e Leprevost teriam sido vítimas de um jogo de dissimulações de Beto Richa que, até a véspera, dava sinais de que o lugar de vice seria preenchido pelo PSD.
Com o conhecimento e beneplácito de Kassab, a reação veio no fim de semana durante a convenção do partido que liberou os filiados do PSD, apesar da resistência do deputado Eduardo Sciarra. Logo, é de se supor que, tendo garantido essa liberdade de escolha e tendo recusado as ofertas de cargos na prefeitura e no governo do estado, a Leprevost sobraram apenas as duas outras opções: apoiar Gustavo Fruet ou aderir a Ratinho Jr.
Essa decisão, segundo se depreende, não virá tão logo. Talvez Leprevost deixe a questão em suspenso por pelo menos ainda mais duas semanas, durante as quais procurará ouvir a opinião de suas bases e aferir com pesquisas que pretende encomendar para, enfim, escolher o caminho que deverá tomar diante da encruzilhada. De sua decisão vai depender o próprio futuro político e do seu grupo, um jogo que lhe será tanto melhor quanto maior o seu horizonte e menores forem os riscos que tiver de correr.



