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Olho vivo

Iguais 1

A escolha de Rubens Bueno para a vice de Luciano Ducci tem um significado a mais – o emagrecimento do PSDB como partido disposto a competir e conquistar prefeituras no Paraná. Nenhum dos maiores colégios eleitorais do estado terá um tucano na cabeça e, em Curitiba, nem sequer na vice. Beto Richa, governador e presidente (licenciado) do PSDB estadual, não acha que isto seja importante. E deu a razão: ter um vice na capital é menos importante para a sigla do que ter um governador.

Iguais 2

Se ele está falando do atual mandato, compreende-se. Mas não foi pensando em 2012 que ele fez a afirmação: foi pensando em 2014, quando projeta se candidatar à reeleição. Logo, ele está desde já em franco trabalho de montagem de sua frente de aliados para a futura peleja. Prefere compor com outras siglas agora visando a garantir o apoio delas depois.

Iguais 3

Richa não inova nesta matéria. Embora o PSDB tivesse no Paraná um de seus maiores sustentáculos, ao lado de São Paulo e Minas Gerais, ele segue a cartilha, por exemplo, do correligionário Aécio Neves que, em 2008, patrocinou uma aliança com o PT para eleger o prefeito de Belo Horizonte, do PSB. Em Londrina, maior colégio do Paraná, Richa renunciou à candidatura do seu partido para apoiar a de Marcelo Belinati, do PP – o mesmo partido de Paulo Maluf, com quem Lula firmou acordo na semana passada para apoiar Fernando Haddad, do PT. Portanto, que não se estranhe a aliança do ex-tucano e agora pedetista Gustavo Fruet com o PT de Gleisi Hoffmann.

Chama-se Rubens Rueno o candidato a vice na chapa de reeleição de Luciano Ducci. A confirmação veio na boca da noite de ontem quando os dois outros nomes mais cotados para a posição – os deputados Ney Leprevost e Osmar Bertoldi – foram chamados ao gabinete do prefeito para receber o "beijo da morte".

Presidente estadual do PPS e secretário-geral do diretório nacional do partido, Bueno exerce atualmente seu terceiro mandado como deputado federal. Líder da bancada na Câmara, vem alcançando notoriedade como oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff e por seu desempenho na CPI do Cachoeira.

O deputado disse ter aceitado o convite para ocupar a vice após consultas prévias à executiva e aos deputados estaduais. Ontem à noite rumou para Brasília, onde pretende obter o beneplácito final da direção nacional. Amanhã à noite, o diretório municipal do PPS também se reúne para aprovar a indicação.

Bueno nega ter condicionado sua aceitação a um possível apoio do grupo político do governador Beto Richa à sua candidatura ao Senado em 2014. "Não existe isso. O candidato natural do grupo é o senador Alvaro Dias, a quem respeito, e eu nunca imporia esta dificuldade a ele ou ao grupo", afirmou.

A adesão do PPS à candidatura oficial acrescenta cerca de mais um minuto ao tempo que o prefeito Luciano Ducci poderá dispor em cada programa no horário eleitoral da tevê. Mas não era exatamente nisso que seus estrategistas estavam pensando. Sem o PPS, somados já todos os demais partidos que comporão sua coligação – PSB, PSDB, PP, PTB e outros menores – ele já havia garantido dez minutos – o dobro do que terá o dono do segundo maior tempo, Gustavo Fruet (PDT/PT/PV).

Mais importantes foram dois fatores que podem influenciar positivamente para o crescimento das preferências do eleitorado em favor da reeleição do atual prefeito. Um deles, o fato de que, em 2004, quando candidato a prefeito de Curitiba e contando com apenas 60 segundos na programação, Rubens conseguiu somar 20% da votação no primeiro turno, concorrendo com os pesos-pesados Beto Richa e Angelo Vanhoni.

O segundo fator foi exorcizar a possibilidade de a vereadora Renata Bueno – filha de Rubens – incorporar a candidatura própria do PPS à prefeitura. Seria um concorrente a mais que não interessava a Ducci, principalmente em razão da postura de Renata na Câmara Municipal, onde liderou boa parte das denúncias contra o ex-presidente João Cláudio Derosso, então no PSDB e aliado do prefeito.

A soma dos fatores pode alterar o produto. Imaginam os estrategistas que a presença de Rubens Bueno na chapa tem potencial para acrescentar alguns pontos nos até agora esquálidos índices obtidos pelo prefeito, apesar do apoio explícito e da coordenação política que seu padrinho, o governador Beto Richa, lhe proporciona.

Richa está em Nova York e volta amanh㠖 uma ausência providencial nesses dias para tirar dele o peso de olhar nos olhos e dizer "não" a alguns bons aliados que, até ontem, ainda manifestavam esperança de vir a ser indicados, como os deputados Ney Leprevost (PSD) e Osmar Bertoldi (DEM).

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