O governador Beto Richa será muito bem recebido pela presidente Dilma Rousseff para ouvir suas queixas quanto à não inclusão de projetos do Paraná no pacote de investimentos rodoviários e ferroviários que o governo federal lançou na semana passada, no valor global de R$ 133 bilhões. Quem assegura que a recepção será boa é o ministro Paulo Bernardo que, com os outros dois ministros paranaenses, Gleisi Hoffmann e Gilberto Carvalho, vem sendo apontado pelo Palácio Iguaçu como um dos responsáveis pela preterição do estado.
No pacote de investimentos o Paraná figura apenas como território de travessia de duas ferrovias que levam e trazem a produção de outros estados para portos idem. Paranaguá perderia importância relativa, já que as cargas chegariam mais facilmente e a custos menores aos portos de Rio Grande e Santos. O secretário estadual de Logística e Infraestrutura, Pepe Richa, ficou "indignado" e o governador logo se prontificou a levar pessoalmente a Dilma a insatisfação paranaense.
Paulo Bernardo, no entanto, adverte: se o governador não levar na bagagem projetos bem definidos, com começo, meio e fim, que permitam a integração das ferrovias paranaenses com os projetos federais, arrisca voltar de Brasília com as mãos abanando. Não há o que os ministros paranaenses possam fazer se não partirem do governo estadual propostas compatíveis e demonstrações de que está disposto a firmar parcerias.
Ele lembra de três casos emblemáticos ainda do tempo em que era ministro do Planejamento, no governo Lula, e o governador era outro. Um deles foi a devolução de recursos da ordem de R$ 220 milhões que a União já tinha liberado para a modernização do Porto de Paranaguá. Outro foi a recusa de R$ 550 milhões para solucionar um gargalo ferroviário destinado a dar viabilidade econômica à Ferroeste. Também foram recusados recursos para a dragagem de Paranaguá, ofertados e bem aproveitados por outros 12 portos nacionais.
O governo agora é outro, lembra Paulo Bernardo. Mas, talvez por estar se iniciando (tem apenas 20 meses), permanece o problema: não há projetos e por isso não tem como a União liberar recursos. "Não há nenhuma má-vontade de ordem política, tanto é que a própria presidente Dilma veio a Curitiba para garantir R$ 1 bilhão a fundo perdido para a obra do metrô, que agora só depende da agilidade local para ser licitado. Outros projetos poderiam ser também atendidos, desde que sejam convincentes quanto à sua viabilidade", afirma. Pepe Richa reconhece: sem planejamento para interligar Paranaguá ao sistema, "o produtor do Oeste do estado vai acabar escoando sua produção pelo Rio Grande do Sul".



