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"A imprensa fica procurando dar dimensão a pequenas coisas e a inventar coisas inexistentes."

De Requião, ontem, na "escolinha".

Afora a confissão assustadora de que o governo usou do artifício do achaque para conseguir que os compradores da fazenda Leonópolis pagassem mais R$ 18 milhões pela área que adquiriram por R$ 3,2 milhões, a "escolinha" de ontem mais se pareceu com o parto da montanha: deu à luz um rato.

Pela expectativa criada há duas semanas, quando se anunciou que a fúria celeste despencaria na sessão de ontem, esperava-se que fatos novos surgissem. Que fossem, pelo menos, comprovadas as denúncias insinuadas contra o deputado federal Eduardo Sciarra (DEM) e contra o líder da oposição na Assembléia, Valdir Rossoni, de que teriam obtido vantagens na venda subfaturada da fazenda pela empresa pública Paraná Ambiental, no governo Lerner.

As insinuações contra os dois parlamentares nasceram, no caso de Sciarra, do fato de ter sido, na condição de secretário da Indústria e Comércio, conselheiro da Paraná Ambiental; e, no caso de Rossoni, de ter, como madeireiro, ligações com as empresas compradoras.

Sciarra promete reação

Sobre Rossoni, o silêncio foi total; seu nome sequer foi mencionado. Quanto a Sciarra, as invectivas do governador foram direcionadas para outro assunto – as recentes acusações que o deputado fez em Brasília do mau uso da TV Educativa por parte do governo paranaense. Quase nada sobre a fazenda, o tema principal da "escolinha".

Requião mandou Sciarra "calar a boca" – coisa que o deputado, em nota oficial, diz que não pretende fazer: "Não estou entre os que o governador manda calar a boca, como faz na sua escolinha. Ao contrário de me intimidar, atitudes, agressões morais e mentiras me estimulam mais ainda na busca por honestidade, transparência administrativa e eficiência na gestão do patrimônio público."

Olho vivo

Governar é... 1 – Faz parte da sabedoria política mineira o provérbio "governar é nomear, demitir, mandar prender e mandar soltar". Requião leva a sério a primeira parte: dos 480 decretos que assinou nos 90 dias de seu segundo mandato, 467 referem-se a nomeações e exonerações de servidores. Os demais (13) dizem respeito a atos rotineiros da administração pública.

Governar é... 2 – Quanto à segunda parte do adágio mineiro, isto é, aquela que diz que governar é também "mandar prender e mandar soltar", não foram encontrados registros no Diário Oficial – muito embora não faltem motivos, até dentro do governo, para o exercício dessa prerrogativa. E a despeito também das ameaças diárias de Requião colocar a "gatarada na cadeia".

Caso de polícia 1 – O secretário do Trabalho, Nelson Garcia, entregou ontem ao ouvidor-geral Luiz Carlos Delazari, toda a documentação que incrimina o seu antecessor, padre Roque, e o ainda diretor-geral Emerson Nerone. Tem coisa cabeluda, de convênios com ONGs fantasmas a pagamento irregular de salários.

Caso de polícia 2 – A mesma papelada foi entregue também à Secretaria de Segurança, comandada pelo filho do ouvidor, Luiz Fernando. O que significa que os Delazari terão bastante trabalho pela frente.

Vingança 1 – Requião não gostou do apelido de Pinochávez – mistura genética de Pinochet com Chávez – que lhe deu o ex-governador Jaime Lerner. Ontem, na "escolinha" propôs um concurso para que o povo escolha um apelido também para Lerner.

Vingança 2 – Duas coisas estranhas nisso tudo: a "escolinha" ser usada para brincadeiras do gênero e o fato de a TV Educativa ter dado um número de telefone 0800, com ligações a cobrar, para quem quiser sugerir apelidos. Em ambos os casos, quem paga a conta é o povo – mas quem se diverte é Requião.

Passaporte 1 – Beto Richa lançou ontem, com pompa e circunstância, o Passaporte Curitibano, com o qual turistas podem obter vantagens e descontos em hotéis, restaurantes e comércio da cidade. A idéia é requentada. A primeira versão do passaporte é de 1992, fim da terceira gestão de Lerner na prefeitura. Quem tinha o passaporte antigo pode renovar agora?

Passaporte 2 – Também não é novidade a criação de um conselho municipal de turismo. Já houve um, instalado em quatro de agosto de 1993, quando o prefeito era Rafael Greca.

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