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Olho vivo

Paraguai 1

A aproximação do fim do governo Requião animou o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, a investir no Porto de Paranaguá. Desde 2003, quando começou a confusão de não poder exportar soja transgênica, o Paraguai decidiu desativar o terminal que mantém há décadas em Paranaguá e passou a operar nos portos argentinos. Agora vê a chance de voltar para cá.

Paraguai 2

Lugo mandou abrir concorrência para entregar a um grupo privado a administração e exploração comercial dos seus silos e armazéns por meio de uma parceria público-privada. No caso, a "Alianza Pública Privada", conforme define o Edital 01/09 lançado há algumas semanas pelo governo.

Paraguai 3

O complexo paraguaio no Porto de Paranaguá pode cair em mãos de empresários paranaenses. Quem comprou o edital foi a empresa Triunfo Participações e Investimentos, de Luiz Fernando Wolff Carvalho, que já opera no estado como concessionário de rodovias pedagiadas e no ramo de energia elétrica. Na área portuária, a Triunfo participa do porto de Navegantes (SC) e explora também um segmento de navegação de cabotagem. Seu interesse pelos silos paraguaios é expandir-se no ramo do transporte marítimo – antevendo as oportunidades que se abrirão em Paranaguá a partir de abril do ano que vem.

Segundo consta, prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Chutar o pau da barraca, por outro lado, pode ser fatal, principalmente para quem ainda estiver dentro dela. É com cuidados desse tipo que o PT paranaense decidiu tratar de política eleitoral com o governador Roberto Requião a partir de agora.

Tudo porque percebeu o tamanho da mágoa que invadiu o espírito de Requião contra o ministro Paulo Bernardo. Diante disso, o mais recomendável é não ir com tanta sede ao pote. O governador ficou aborrecido com uma declaração do ministro que nem novidade era – a de que ele deve a Lula suas duas últimas eleições. A última delas, aliás, contrariando outro ditado popular, segundo o qual marmelada na hora da morte mata.

Pois foi na última hora, véspera da eleição de 2006, que o comício de Lula na Boca Maldita certamente deu a Requião no mínimo os míseros 10 mil votos com que derrotou Osmar Dias. Aliás, Requião nem no palanque estava – achava que Lula espantaria eleitores e preferiu se mandar no mesmo dia para Umuarama, onde, aliás, perdeu para Osmar Dias.

O governador ficou muito magoado também com a manifesta vontade do ministro de fazer o quanto antes a aliança do PT com o PDT, com Osmar na cabeça – estratégia que o presidente Lula traçou para turbinar a candidatura de Dilma Rousseff no Paraná. Requião sentiu-se atropelado pelos acontecimentos. Como diz o ditado, não há ciúme pior do que ciúme de homem.

O ciúme, assim como a mágoa, segundo Shakespeare, "é um veneno que você toma esperando que a outra pessoa morra." É mais ou menos isso que Requião sente – a tal ponto que sequer, também desta vez, estará em Curitiba para recepcionar o presidente Lula, hoje, que vem para a posse do desembargador Ricardo Fonseca no Tribunal Regional do Trabalho.

Acontece, porém, que o PT considera que o PMDB do Paraná, com Requião à frente, é importante para completar a estratégia. É melhor ter os dois na mão do que deixá-los voando na direção do PSDB de José Serra e Beto Richa, pensam os petistas.

Não por outra razão é que a presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, foi procurar pessoalmente o governador Roberto Requião no Palácio. A pretexto de convidá-lo para uma audiência pública sobre o pré-sal (que o governador não aceitou), Gleisi atuou como algodão entre os cristais quando, aproveitando a ocasião, tratou de política com ele.

Segundo relatou depois em uma entrevista para a rádio Banda B, Gleisi disse ao governador que, ao contrário da interpretação que ele fez das palavras de Paulo Bernardo, o PT ainda não fechou nenhuma aliança com o PDT de Osmar Dias. "Falamos para ele que queremos caminhar com ele. É um companheiro já de muito tempo de caminhada com o PT, temos várias parcerias e temos de discutir o que é melhor para o Paraná, ter um projeto para o estado alinhado ao projeto nacional."

Não se sabe se o governador ficou convencido. Mas o mais provável é que, por mais tempo ainda, continue fazendo o mesmo jogo pendular que, até a última hora, fez em 2006 – ora mostrava pendores para o tucano Geraldo Alckmin, ora para Luiz Inácio. O tempo é o senhor da razão, diria Collor.

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