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Participar da Semana de Energia promovida pelo Banco Mundial, em Washington, pode não ser o motivo principal da viagem do prefeito Beto Richa aos Estados Unidos, para onde embarcou na última segunda-feira. A principal razão seria uma completa mudança das prioridades para obras viárias e transporte coletivo da cidade e, consequentemente, dos empréstimos internacionais que a prefeitura vem negociando há tempos para viabilizá-las.

Para entender melhor:

• A administração municipal desenvolve atualmente três grandes projetos viários: Linha Verde; modernização da Rede Integrada de Transportes; e o metrô.

• A conclusão da Linha Verde, no trecho entre o Jardim das Américas e o Atuba, depende de um financiamento do BID, no valor de US$ 68 milhões, cujas negociações foram praticamente paralisadas em razão da crise mundial.

• Enquanto isso, a prefeitura negociava outro empréstimo, no valor de US$ 49 milhões perante a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), para obras de Ampliação da Rede Integrada, que inclui a construção, reforma e ampliação de terminais e estações, além do desalinhamento das estações-tubo nas canaletas para permitir maior rapidez dos ônibus que farão a linha do Ligeirão no corredor Norte-Sul. A negociação desse empréstimo caminha mais rápido que o do BID para a Linha Verde.

• O projeto do metrô, por sua vez, começa a tomar forma. A ideia é concluir pelo menos a linha Sul até a Copa de 2014. As questões que surgem automaticamente são: com que dinheiro? E por que continuar as obras da Rede Integrada financiadas pela AFD se o futuro metrô vai fazer exatamente o mesmo trajeto?

É aí, nesse ponto, que as prioridades do prefeito começaram a mudar. Só que precisa da concordância das duas agências internacionais (BID e AFD). A ideia é transferir para a Linha Verde a aplicação do recurso que seria tomado junto à AFD para a Rede Integrada. Com isso pode viabilizar mais cedo a conclusão da Linha Verde ao mesmo tempo em que pode dispensar o dinheiro do BID que estava previsto para este fim.

Convencimento

A AFD ainda precisa concordar com essa mudança de planos e o BID em cancelar o empréstimo que estava engatilhado para a Linha Verde. Com um detalhe: Beto Richa pretende convencer o BID a comprometer-se em financiar a construção do metrô. Seria este o verdadeiro motivo de sua viagem aos Estados Unidos.

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Olho vivo

Diesel 1

Em campanha para a reeleição ao governo do estado em 2006, o governador Roberto Requião prometeu fornecer à prefeitura de Curitiba o óleo diesel usado no transporte coletivo de Curitiba com isenção do ICMS, visando a propiciar a redução da tarifa. Não deu certo: confusões no processo de licitação e a adesão de Beto Richa à candidatura adversária de Osmar Dias fizeram Requião mudar de ideia.

Diesel 2

Agora, em campanha para garantir sua eleição para o Senado, em 2010, o governador ressuscita a mesma ideia. Ele a anunciou ontem na "escolinha", condicionando a implementação da medida a um compromisso do prefeito para que reduza o preço da passagem – que no início do ano subiu de R$ 1,90 para R$ 2,20, "com a minha contrariedade", disse Requião.

Diesel 3

A prefeitura reagiu com uma ironia. Em nota, lembrou que quem primeiro propôs a desoneração do diesel foi o prefeito Beto Richa, em 2005. "É muito bem-vinda a participação do governador Roberto Requião nessa luta", afirmou. E, como São Tomé, que só acredita vendo, avisou que "a prefeitura de Curitiba aguardará que o governo do estado sancione a lei (...) e que garanta que a redução do ICMS chegue efetivamente ao preço do óleo diesel nas bombas".

Causa e efeito 1

Por falar em desoneração de impostos e redução de preços, é hoje, 1º de abril, que entra em vigor a minirreforma tributária aprovada em dezembro. O ICMS incidente sobre bens de consumo popular cai, conforme o caso, de 25% para 18% ou de 18% para 12%. Na média, segundo voltou a afirmar ontem o líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli, os preços estarão 8% mais baratos nos supermercados.

Causa e efeito 2

A oposição tem lá suas dúvidas. "Chegou o momento de ver para crer e só o tempo dirá. Nós vamos fazer a nossa parte que é fiscalizar", avisou o líder da bancada, deputado Elio Rusch. Listagens dos preços vigentes desde janeiro, em mãos da oposição, serão comparadas aos praticados a partir de hoje.

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