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Celso Nascimento

O que o comício de Lula pode mudar

O presidente Lula esteve ontem em Curitiba. Fez comício em favor de Dilma Rousseff para a Presidência e para Osmar Dias. Levou muita gente à Boca Maldita. Pelo que consta, foi o primeiro e último comício de campanha na capital; outros ("quantos forem necessários", teria prometido o próprio Lula) deverão ser realizados em grandes centros no interior do estado.

Como de costume, aplausos, bandeiras, palavras de ordem. Tudo isso sacudiu a turba de fãs de carteirinha do presidente – integrantes desses 77% de brasileiros acham seu governo ótimo ou bom. Mas também levou curiosos e críticos, mais interessados em perceber, sentir, se o prestígio de Lula e seu poder de comunicação com a massa serão capazes de favorecer os candidatos que ele apoia.

Segundo pesquisa do Vox Populi, por exemplo, 13% dos eleitores paranaenses estão dispostos a votar cegamente em quem Lula mandar, mas outros 13% dizem que vão fazer exatamente o contrário. A soma, portanto, teria como resultado um imenso zero. Levando o raciocínio ao extremo, de aparência tão cartesiana, o comício de ontem teria sido inútil, um gasto de energia e de recursos dispensável.

Os que pensam assim podem estar enganados. O comício não foi feito para convencer os já convencidos, quer a favor quer contra. Foi para conquistar os 74% que se dizem indiferentes ou indecisos quanto aos conselhos políticos de Lula.

Não foi por acaso que o presidente decidiu vir o quanto antes para o Paraná. Foi exatamente por causa desses 74% de eleitores paranaenses – contingente do qual espera decretar a virada em favor de Dilma Rousseff no único estado importante onde o adversário José Serra ainda ostenta a dianteira.

Se as próximas pesquisas de opinião registrarem alteração no quadro – para lucro ou prejuízo da chapa apoiada pelo presidente, ou para perda ou ganho da chapa adversária – é que se poderá medir o efeito.

Independentemente dos reflexos eleitorais, não se pode desconhecer que a concentração de ontem foi o primeiro fato de real importância da campanha política deste ano no Paraná – até agora marcada por atos, palavras e gestos situados numa categoria que se poderia chamar de irrelevantes.

O noticiário tem se alimentado, quando muito, pela correria dos candidatos por cidades do interior, de onde voltam dizendo-se alimentados por indescritível apoio popular e dos prefeitos e políticos locais. Repetem as mesmas promessas, engessadas no tempo e no espaço, de atender às reivindicações regionais ou de setores econômicos e sociais.

Quem sabe o evento da Boca Maldita sirva, daqui por diante, pelo menos para alterar a modorra. Não necessariamente apenas dos candidatos e suas campanhas, mas dos próprios eleitores, que ainda se mostram distantes de manifestar interesse pelo futuro político próximo e que tanto pesará sobre suas vidas.

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A pesquisa Vox Populi divulgada na última quarta-feira está registrada no TSE sob o número 19.928/2010. Foram entrevistadas 800 pessoas entre os dias 17 e 20 de julho. A margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais para mais ou para menos.

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